Bolsonaro nos EUA até baixar a poeira

Ex-presidente cogita passar mais tempo na Flórida e ganhar dinheiro para fazer palestras

20 jan 2023 - 08h49
Bolsonaro pretende esticar sua estada nos EUA e, segundo a Folha de S. Paulo, foi orientado a cumprir um roteiro de palestras para custear sua permanência.
Bolsonaro pretende esticar sua estada nos EUA e, segundo a Folha de S. Paulo, foi orientado a cumprir um roteiro de palestras para custear sua permanência.
Foto: José Luiz Tavares

Ora, ora, e não é que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode fazer palestras pagas nos Estados Unidos? Sim, pode receber por palestras como fez seu arquiinimigo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando deixou o Palácio. Não há nada de ilegal em ganhar dinheiro rodando o mundo para falar sobre sua experiência como presidente, mas Bolsonaro e sua turma criminalizaram o petista por isso. Redonda, a Terra dá voltas.

Bolsonaro pretende esticar sua estada nos EUA e, segundo a Folha de S. Paulo, foi orientado a cumprir um roteiro de palestras para custear sua permanência. O ex-presidente tem dinheiro para bancar a viagem. Uma lista de palestras, no entanto, o manteria minimamente em evidência, mas a uma distância segura da Justiça e dos efeitos da tentativa de golpe contra o governo e as instituições democráticas.

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Os ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro miraram em Lula, mas acertaram Bolsonaro. O petista saiu fortalecido, conseguindo reunir gregos e troianos em torno da defesa da democracia. Já Bolsonaro acabou com um carimbo de golpista frustrado. Tudo piorou com o encontro da minuta do golpe nos papéis da casa de seu ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que hoje está preso. O silêncio de Torres durante o depoimento aos investigadores não foi um bom sinal para Bolsonaro. Ele queria que o ex-auxiliar assumisse o BO e isentasse o gabinete presidencial.

De acordo com o Globo, nem o PL quer que Bolsonaro volte tão cedo. O medo é que, depois desses episódios, Bolsonaro fique ainda mais perto de se tornar inelegível. Voltar logo para o país, com o clima de fritura em Brasília, poderia solapar qualquer esperança de Bolsonaro voltar às urnas eletrônicas em 2026.

O eleitorado de Bolsonaro rachou. Uma boa parte entendeu que a vida segue e que é preciso enfrentar os fatos. Outra ala se ressentiu de ter sido deixada para trás, pedindo uma intervenção, enquanto o líder embarcava para a Flórida. A parte mais barulhenta dos eleitores é esta que agora “acampou” à força na prisão.

Como não existe vácuo no poder, outros nomes vão crescendo na direita e extrema-direita, como o de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Os governadores Romeu Zema, de Minas, e Ratinho Júnior, do Paraná, também vão se mexendo. Bolsonaro que se cuide.

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Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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