Candidatos já gastaram R$152 milhões com impulsionamento nas redes

Os gastos com impulsionamento são o oitavo no ranking das despesas de campanha

28 set 2022 - 15h26
(atualizado às 15h54)

As despesas com impulsionamento de postagens nas redes sociais já consumiram R$ 152 milhões. O Facebook lidera a lista de fornecedores de campanha do país, tendo recebido R$ 51 milhões. O Google é o terceiro maior fornecedor, com quase R$ 33 milhões. Os gastos com impulsionamento são o oitavo no ranking das despesas de campanha.

Os números ainda são parciais e estão disponíveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mostram como a guerra nas redes sociais se tornou o palanque mais importante das eleições, independentemente de bandeira política. Antes guardados a sete chaves, os programas do horário eleitoral passaram a ser vazados pelos próprios comandos de campanha para inflamar as plataformas e tornarem-se virais antes mesmo de chegarem à TV.

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Candidatos da chamada terceira via, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) estão entre os três maiores fregueses do Facebook. Simone lidera, com despesas de quase R$ 2 milhões, e Ciro está em terceiro, com R$ 1,2 milhão. Em segundo lugar está o candidato a governador pelo PT do Ceará, Elmano de Freitas (R$ 1,66 milhão). Lula encabeça os gastos no Google, com cerca de R$ 2 milhões, seguido pelo candidato do PDT ao governo do Ceará, Roberto Cláudio, com R$ 1,5 milhão, e Elmano de Freitas, com R$ 1,3 milhão. Nesse ranking, Simone aparece em quarto lugar, tendo gasto R$ 841 mil.

Os candidatos também usam seus perfis oficiais e de apoiadores para dar a pronta resposta a críticas ou tentar transformar o adversário em meme, como foi o caso do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) que, quase instantaneamente, divulgou um link com os endereços dos locais de votação para “ajudar” o adversário Tarcísio de Freitas (Republicanos), que não sabia qual era a escola onde iria votar.

Os gastos com impulsionamento são o oitavo no ranking das despesas de campanha.
Os gastos com impulsionamento são o oitavo no ranking das despesas de campanha.
Foto: iStock

Com menos regras do que na TV, as peças publicitárias criadas para as plataformas também sobem o tom da disputa. A palavra “ladrão”, por exemplo, permeia propagandas de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PSDB). As redes contam ainda com a produção espontânea de apoiadores, como o vídeo do “tiraCiro” feito por Caetano Veloso, depois que Ciro Gomes minimizou seu apoio, dizendo que o artista estava com a “vida ganha”.

LulaVerso, CiroGames, lives diárias de Bolsonaro feitas em local desconhecido (uma vez que foram proibidas no Palácio). É um vale tudo para animar sua torcida e fornecer munição para os últimos dias de campanha. Há quem não entenda das novas plataformas, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PTB). Craque no Twitter, ele paga um mico incessante no TikTok ao tentar voltar para a Câmara dos Deputados, desta vez por São Paulo, fazendo dancinhas. Isso mesmo, dancinhas. 

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Por outro lado, as plataformas são também um terreno fértil para assédio, ofensas e desinformação. Muita desinformação. Dados incorretos, falsos ou exagerados, que saem da boca de candidatos e de apoiadores e que são repercutidos como se fossem verdades absolutas e incontestáveis, lotam a timeline de todos nós, todos os dias. 

Por isso é importante estar ainda mais atento nessa reta final com o que se consome nas redes. É difícil entender seu país, seu estado e mesmo seu bairro apenas através dessas plataformas digitais. Nas redes, vamos nos cercando sempre de quem concorda conosco ou de quem nos traz informações com as quais concordamos. Fica difícil romper a bolha e, talvez por isso, seja tão complicado para determinados grupos aceitarem resultados e tendências de pesquisas eleitorais. A temperatura da sua timeline, assim como a cor da bandeira agitada nela, pode não retratar o que está acontecendo no mundo offline. 

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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