Dom Bolsonaro I, o Imbrochável, puxa coro para si mesmo

O discurso do presidente-candidato foi de fazer inveja a qualquer Odorico Paraguassu ou ditador de república bananeira

7 set 2022 - 14h22
Bolsonaro tirou a faixa presidencial para discursar
Bolsonaro tirou a faixa presidencial para discursar
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O presidente-candidato Jair Bolsonaro (PL) sequestrou a efeméride mais importante de seu governo, o Bicentenário da Independência. Usou a data para fazer campanha eleitoral e autopropaganda. Para dizer a seus eleitores que a liberdade está sob risco e que, como um Messias, ele ganhou uma segunda vida para cumprir uma missão.

Dom Bolsonaro não teve apoio dos outros Poderes. Os presidentes Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), e Rodrigo Pacheco, do Congresso Nacional, não participaram da festa que, em vez de ser uma grande celebração cívica, serviu de palanque para o presidente.

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Nem mesmo o aliado de ocasião de Bolsonaro, Artur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, deu o ar da graça. Ninguém quis deixar suas digitais sobre um ato eleitoral de uma campanha da qual, de fato, não comungam.

Bolsonaro tirou a faixa para subir no carro de som. Mas é importante destacar que tirar a faixa não significa trocar de papel e sair da função de presidente para falar como candidato. Não poderia ser um ato eleitoral. É uma festa de todos os brasileiros. Ou deveria ser.

O discurso do presidente-candidato era de fazer inveja a qualquer Odorico Paraguassu ou ditador de república bananeira.

Dom Bolsonaro I puxou um coro para si mesmo: "Imbrochável, imbrochável, imbrochável...".

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Isso depois de sugerir uma comparação entre as primeiras-damas

Para os rapazes que estiverem tristes com o seu país, em vez de emprego, dignidade, saúde e educação, vai aqui a sugestão do presidente: arrume uma princesa e se case.

O ano é 2022. O presidente da República manda os homens encontrarem “princesas” e faz a apologia do próprio falo, gritando imbrochável.

Nem o coração de D. Pedro I aguenta uma dessas.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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