Fala, Bolsonaro!

Copiando Trump, o silêncio de Bolsonaro ajuda a criar o clima de golpismo dos bloqueios rodoviários

1 nov 2022 - 12h44
(atualizado às 12h59)

Centenas de bloqueios de rodovias pipocam ante a inação das autoridades responsáveis, como a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A mesma que, tão atenta e preocupada com a segurança dos brasileiros, no domingo parava ônibus lotados de eleitores, gerando congestionamentos e atrasando ou impedindo o voto de muitos eleitores.

Notícias falsas circulam pelas redes alimentando confrontos. Motoristas verdadeiros de caminhões divulgam áudios afirmando que não partiu da maioria dos caminhoneiros esse arremedo de golpe. Presidentes das centrais sindicais divulgam nota pedindo que os trabalhadores não caiam em armadilhas e mantenham a ordem.

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Bolsonaro em pronunciamento
Bolsonaro em pronunciamento
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Enquanto isso, #chateado, o presidente da República se tranca no Palácio. Seu silêncio, como fez seu amigo e mestre Donald Trump, alimenta o golpismo mequetrefe do Brasil. Jair Bolsonaro se cala esperando que façam por ele o que ele não conseguiu nas urnas. Lhe garantam a Presidência.

Enquanto isso, deixa o país sem governo.

Não deve mesmo ser fácil engolir uma derrota e ser o primeiro presidente brasileiro a não se reeleger desde que o instituto do reeleição foi implantado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Dever ser mesmo muito difícil constatar que abrir os cofres com o Auxílio Emergencial de R$ 600, terceirizar a gestão pública com os bilhões do orçamento secreto e pedir desculpas por falar palavrão enquanto reza nas igrejas evangélicas não adiantou muito.

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E, agora, os milhões de brasileiros que se horrorizaram tantas vezes com as palavras do presidente, daquele que disse “gripezinha” e “não sou coveiro”, só têm a dizer:

“Fala, Bolsonaro”.

Mas fale pela paz e pela unidade do país. Faça valer o seu propalado "Brasil acima de tudo". Até janeiro, a faixa é sua.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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