Não é à toa que o novo ministro da Justiça, Flávio Dino, chamou o acampamento diante do QG das Forças Armadas em Brasília, de "incubadora de terroristas". A Polícia Federal e a Polícia Civil do Distrito Federal confirmaram que as 11 pessoas alvo de prisão (até as 10h30 desta quinta-feira, 4 já estavam detidas) circularam pelo local. Também saiu dali o homem acusado de terrorismo por colocar uma bomba dentro de um caminhão no entorno do aeroporto. Falta ainda saber quem financia toda essa presepada.
A polícia agiu quase às vésperas da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de a autorização para a operação policial ter ocorrido há mais de uma semana, sob ordem do ministro do Supremo Triubunal Federal Alexandre de Moraes. Demorou. Numa incubadora, além da temperatura, o tempo é precioso. É determinante para que os ovos choquem. No caso do acampamento golpista, falamos do famigerado ovo da serpente, a semente do fascismo.
Os suspeitos presos tiveram participação no vandalismo do protesto do dia 12 de dezembro, quando foram incendiados carros e invadidos prédios policiais. Foi nesse dia que o presidente Jair Bolsonaro (PL) abrigou no Palácio do Alvorada o blogueiro Oswaldo Eustáquio, que esta semana teve sua prisão decretada por descumprir as regras da prisão domiciliar. Ou seja, Bolsonaro abrigou em um prédio público _e não em qualquer prédio público, mas na residência oficial do presidente_ um homem que já estava em prisão domiciliar, que participava de um ato considerado ilegal pela Justiça. Não é de estranhar em se tratando de Bolsonaro, já que, nos Estados Unidos, ele se encontrou com um foragido da polícia brasileira, o blogueiro Allan dos Santos.
Com seu choro e sua omissão, o presidente Jair Bolsonaro alimenta o clima golpista. Se nega a pedir que as pessoas voltem para casa e aceitem a derrota. Bolsonaro cria a temperatura para que a incubadora de terroristas se mantenha viva, pulsando com insanidade e violência direto de Brasília. Se confirmada sua intenção de viajar para o resort chiquérrimo de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro dará uma banana a seus próprios seguidores.
Para o presidente que não verteu uma única lágrima ao ver 690 mil brasileiros mortos por Covid, não se esperaria menos em relação aos seus bolsonaristas de quartel, que perderam laços de família e trabalho, não é mesmo?