Fome, fome, fome… e a fome?

23 ago 2022 - 21h45
(atualizado às 22h02)
Ciro Gomes (PDT) durante entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira, 23
Ciro Gomes (PDT) durante entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta terça-feira, 23
Foto: Reprodução/TV Globo

Parecia que Ciro Gomes (PDT) tinha chegado sem almoço no Jornal Nacional desta noite. E que ia jantar a entrevista com William Bonner e Renata Vasconcellos. Logo antes de completar um dos 40 longos minutos da sabatina, Ciro disse que o tema da eleição era “fome, fome, fome, 33 milhões de brasileiros com fome no Brasil”. A audiência, que cobrou o tema na sabatina de Jair Bolsonaro, até se animou.  

Triste engano. A fome sumiu da pauta. E Ciro preferiu vender seus planos infalíveis para governar o Brasil. Um deles, instituir o plebiscito para decidir sobre tudo o que for importante. Outro: criar um novo plano de governança, acabando com o presidencialismo de coalizão. São propostas que dependem de um Congresso Nacional afinado com a Presidência. Então aqui cabe dizer que Ciro não conseguiu sequer um partido para se aliar ao PDT na campanha. Como terá essa sintonia? Ah, sim, ele respondeu: com os eleitores votando em parlamentares que pensem como ele…

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Um ponto positivo da entrevista foi o candidato dizer que consideraria a crítica de Renata Vasconcellos sobre sua linguagem agressiva e adjetivos usados para (des)qualificar os adversários. Tomara que diminua o tom ofensivo, mas que continue com suas tiradas divertidas para animar os debates.

Outro ponto: chamou a atenção que Ciro tenha batido mais em Lula do que em Jair Bolsonaro, o candidato que está imediatamente a sua frente, está no poder e tem a caneta para disputar a reeleição. Ex-amigos são mais atacados que inimigos ou supostos inimigos? A mágoa, essa danada. 

De um modo geral, o ex-ministro do PT exibiu, mais uma vez, uma autoestima poderosa. Por fim, mais uma observação: Ciro Gomes disse que em 2018 “estava lá”. Há controvérsias.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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