Parecia que Ciro Gomes (PDT) tinha chegado sem almoço no Jornal Nacional desta noite. E que ia jantar a entrevista com William Bonner e Renata Vasconcellos. Logo antes de completar um dos 40 longos minutos da sabatina, Ciro disse que o tema da eleição era “fome, fome, fome, 33 milhões de brasileiros com fome no Brasil”. A audiência, que cobrou o tema na sabatina de Jair Bolsonaro, até se animou.
Triste engano. A fome sumiu da pauta. E Ciro preferiu vender seus planos infalíveis para governar o Brasil. Um deles, instituir o plebiscito para decidir sobre tudo o que for importante. Outro: criar um novo plano de governança, acabando com o presidencialismo de coalizão. São propostas que dependem de um Congresso Nacional afinado com a Presidência. Então aqui cabe dizer que Ciro não conseguiu sequer um partido para se aliar ao PDT na campanha. Como terá essa sintonia? Ah, sim, ele respondeu: com os eleitores votando em parlamentares que pensem como ele…
Um ponto positivo da entrevista foi o candidato dizer que consideraria a crítica de Renata Vasconcellos sobre sua linguagem agressiva e adjetivos usados para (des)qualificar os adversários. Tomara que diminua o tom ofensivo, mas que continue com suas tiradas divertidas para animar os debates.
Outro ponto: chamou a atenção que Ciro tenha batido mais em Lula do que em Jair Bolsonaro, o candidato que está imediatamente a sua frente, está no poder e tem a caneta para disputar a reeleição. Ex-amigos são mais atacados que inimigos ou supostos inimigos? A mágoa, essa danada.
De um modo geral, o ex-ministro do PT exibiu, mais uma vez, uma autoestima poderosa. Por fim, mais uma observação: Ciro Gomes disse que em 2018 “estava lá”. Há controvérsias.