Na reta final, ataques ganham das propostas

A essa altura da eleição, podem-se perceber os movimentos que os candidatos fazem para se reagrupar em um eventual segundo turno

26 set 2022 - 10h18
(atualizado às 13h19)
Debate presidencial aconteceu no sábado
Debate presidencial aconteceu no sábado
Foto: Rogério Pallatta/ Lourival Ribeiro

O debate da TV de sábado, 24, refletiu a mudança das propagandas eleitorais nos momentos finais da campanha. As propostas de governo deram lugar aos ataques. Sem Lula, o alvo mais óbvio era o presidente Jair Bolsonaro (PL) que, nessa posição, conseguiu sair ileso do embate. Afinal, não perdeu a cabeça e tentou manter-se sereno. Estava preparado para responder sobre os 51 imóveis da família, mas não foi questionado.

A essa altura da eleição, podem-se perceber os movimentos que os candidatos fazem para se reagrupar em um eventual segundo turno. Nesse ponto, chamou a atenção o candidato Felipe Dávila, do Novo. Não se pode dizer que ele foi linha auxiliar de Bolsonaro, como o candidato Kelmon (PTB), que se diz padre. Mas sinalizou apoio ao presidente ao atacar Lula e dizer que, no segundo turno, um dos lados teria “todos os corruptos”. Foi suave com Bolsonaro no momento em que o presidente está em busca do abraço apertado do governador Zema (Novo), que tem liderado as pesquisas em Minas.

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Ciro Gomes (PDT) também agiu como o esperado. Bateu bastante em Lula e pouco em Bolsonaro. Tenta, assim, angariar os votos dos antipetistas que estão descontentes com o presidente. Pelas pesquisas, é uma tática que não está lhe trazendo apoio.

Simone Tebet (MDB) foi bem nas perguntas e nas respostas. Soraya Thronicke (UB) se embananou um pouco nas perguntas, como a pitoresca “o que é, o que é” que usou para atacar Bolsonaro. Naquela hora, o problema foi que Dávila não quis brincar e mostrou outro jogo. 

Feio mesmo foi a participação de Kelmon, que elogiou mais o governo do que o próprio Bolsonaro. Tentou impor aos candidatos a discussão sobre o aborto, mas não emplacou. Se disse ofendido na comparação com o cabo Daciolo, candidato em 2018. A comparação é mesmo injusta. Daciolo não usou sua candidatura para servir de escada a ninguém.

Fonte: Tatiana Farah Tatiana Farah é jornalista de política há mais de 20 anos. É repórter da Agência Brasília Alta Frequência. Foi gerente de comunicação da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Repórter do BuzzFeed News no Brasil de 2016 a 2020.  Responsável por levar os segredos do Wikileaks para O Globo, onde trabalhou por 11 anos. Passou pela Veja, Folha de S. Paulo e outras redações, além de assessorias de imprensa. As opiniões da colunista não representam a visão do Terra. 
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