Ciro Gomes (PDT) fez seu pronunciamento nesta segunda-feira, 26, para cumprir algumas missões. A primeira delas foi conter a sangria de eleitores animados com o voto útil em Lula. Outro objetivo foi pontuar com mais clareza um distanciamento do bolsonarismo, dando uma resposta sobretudo ao PDT e a seus eleitores de esquerda. Mas um ponto importante desse discurso é que Ciro tenta desenhar a narrativa para a sua derrota iminente.
O temor de qualquer candidato é sair menor do que entrou na campanha. E Ciro vive esse drama. Precisa achar agora os culpados e construir a história para explicar seu mau desempenho. No discurso em que diz que há pressão até internacional para que desista, com Lula, Bolsonaro e a imprensa, o candidato reafirma duas de suas qualidades: a coragem e a resiliência.
Se coloca como vítima, mas mostra um espírito de destemor, numa jornada quixotesca cujo resultado é o que menos importa. No debate de sábado, 24, ele disse saber que nunca foi o favorito. Mas deve saber também que chegou à corrida com mais apoio do que parece ter agora. O fato é que a campanha de Ciro não decolou. E isso bem antes de qualquer campanha pelo voto útil.
É como aquele artista que, sem aplauso, põe a culpa na plateia, na iluminação, e na promoção de ingressos mais baratos do teatro ao lado.