Com quase cinco milhões de votos, Simone Tebet (MDB) deu a letra esta noite: disse que tem lado, que já escolheu seu candidato e que os presidentes dos partidos de sua coligação têm 48 horas para se manifestar antes que ela anuncie sua posição. Horas antes, Ciro Gomes (PDT) foi à imprensa para um pronunciamento, mas disse que, diante da gravidade do quadro político, precisaria de algumas horas para conversar com a família e com o partido e se posicionar sobre o segundo turno.
O resultado do primeiro turno não surpreendeu os dois candidatos. Ambos apostavam num segundo turno, com Lula à frente de Jair Bolsonaro. O que os dois não esperavam, no entanto, e que pegou o mundo político de surpresa, foi a vitória acachapante dos bolsonaristas no Senado. Jair Bolsonaro elegeu ao menos 20 senadores afinados com suas pautas conservadoras. Reeleito ou não, plantou seus dois pés “direitos” na Câmara Alta do país.
Ainda que seja surpreendente o Rio de Janeiro eleger com folga o ex-ministro da Saúde depois de quase 700 mil mortes por Covid-19, nada supera em espanto e preocupação essa nova leva de senadores. É sobre esse resultado das urnas que Simone Tebet e Ciro Gomes vão discutir os próximos passos. E essa é uma situação que empurra os dois políticos para uma aliança com Lula (PT).
Seus partidos são aliados históricos do petismo. E, assim como o PT já passou por cima da questão do impeachment para abraçar boa parte do MDB, pode esquecer também toda a pancadaria política trocada com Ciro Gomes. Além disso, ainda que Ciro opte pela neutralidade no segundo turno, essa é uma postura que favorece o PT.
Simone Tebet sabe bem que, sem mandato, todo o patrimônio amealhado na eleição pode se perder até que ela possa voltar ao páreo, seja pelo estado do Mato Grosso do Sul ou como presidenciável, em 2026. Por isso, é importante se colocar neste momento e tentar compor com um eventual novo governo. Ela ganhou fôlego político para fazer valer suas pautas na mesa de discussão tanto do MDB quanto do PT.
Mas é um personagem de outro partido que preocupa os lulistas. Zema (Novo), reeleito em Minas, é cobiçado pelo presidente. O governador não precisa sequer se posicionar, mas está sendo pressionado a abraçar Bolsonaro publicamente.
De todo modo, os próximos dias serão definidores dos nossos próximos quatro anos.