Com oito carros de som, dois guindastes com grandes bandeiras do Brasil e quase na totalidade vestidos de verde e amarelo, apoiadores do governo Bolsonaro ocupam desde um pouco antes das 10h deste domingo cerca de seis quadras da Avenida Atlântica, em Copacabana, em apoio ao ministro Sergio Moro e gritando palavras de ordem contra o STF, o Congresso e o PT.
Patrocinado pelos mesmos movimentos que estavam ao lado de Bolsonaro na campanha eleitoral — MBL, Vem pra rua e Endireita Brasil —, o manifesto nascido pra apoiar o ministro da Justiça, Sergio Moro, acusado pelo site Intercept de abuso de poder na Operação Lava Jato, tem como uma das trilhas sonoras o MC Reaça, que se suicidou após espancar a amante, revezando espaço com as palavras de ordem e o Hino Nacional.
"O STF é uma vergonha", "Rodrigo Maia se acha 1º ministro", "Fora PT" e a velha política, e até mesmo críticas ao Nióbio, recentemente alvo de uma "live" na internet do presidente Bolsonaro, faziam a festa das pessoas que vieram prestigiar o ministro Moro em um típico dia de "veranico", com sol e calor de mais de 30 graus na orla de Copacabana.
De acordo com um dos coordenadores do MBL, Carlos Eduardo Moraes, o evento ficará parado e tem por objetivo chamar também a atenção para a necessidade da aprovação da reforma da Previdência, além de apoio ao decreto das armas e a redução da maioridade penal. A previsão é de que o evento dure pelo menos toda a manhã, segundo Moraes.
Tensão
A presença de carros de som e de integrantes do movimento MBL na manifestação de apoio ao ministro da Justiça, Sergio Moro, na praia de Copacabana, está sendo criticada por boa parte dos apoiadores do ex-juiz e causou há pouco um pequeno tumulto que precisou da intervenção da polícia.
Apesar de rapidamente solucionado, o clima contra o MBL é tenso e eleitores do Bolsonaro que não fazem parte do movimento fazem questão de gritar "traidores" e "vendidos" ao passar pelos carros de som patrocinados pelo movimento antes liderado pelo hoje deputado federal Kim Kataguiri.
De acordo com o técnico em segurança do trabalho, Henrique Andrade, 44, uns dos que gritavam em frente ao carro de som contra o MBL, o movimento mudou depois que assumiu cargos públicos e agora "estariam se vendendo" no Congresso.
"Eu acompanho o MBL desde o começo e não reconheço mais, estão se vendendo para o Freixo, para o Eduardo Cunha, para o Rodrigo Maia", disse ao Estadão."Eles (MBL) vão ter que fazer muito para limpar a barra deles com a gente", completou.
Outra crítica ao MBL é de que não compareceu à última manifestação de apoio ao presidente Bolsonaro. Andrade defendeu Moro contra as acusações feitas pelo site Intercept e afirmou que "os fins justificam os meios", dando respaldo ao suposto abuso do poder de Moro denunciado pelo veículo.
De cima do carro de som, representantes do MBL criticaram a "divisão que a direita quer fazer" e colocaram em seguida músicas em linha com os apoiadores do ex-capitão, como a que diz que "só quer uma arma pra se defender" seguida de "o Congresso Nacional, a vergonha do Brasil", que também critica o STF.