Comandante do Exército e pai de Mauro Cid fizeram articulação para Bolsonaro receber medalha de bravura

Ex-presidente recebeu, em 2018, Medalha do Pacificador com Palma por ter salvado um soldado de um afogamento

7 abr 2024 - 11h25
Resumo
Em 1978, o então tenente Jair Bolsonaro salvou de afogamento o soldado Celso Moraes Luiz. Em 2018, ele recebeu a honraria Medalha do Pacificador com Palma. O processo só foi instaurado por uma iniciativa pessoal do comandante do Exército.
Jair Bolsonaro e Celso Luiz
Jair Bolsonaro e Celso Luiz
Foto: Agência Brasil

Um ato de bravura do então tenente Jair Bolsonaro, ocorrido em 1978, quando era instrutor numa unidade militar no Rio, foi reconhecido em 2018 pelo Alto Comando do Exército. O ex-presidente recebeu, em Brasília, a honraria Medalha do Pacificador com Palma por ter salvado de um afogamento o soldado Celso Moraes Luiz, chamado pelos colegas e pelo próprio Bolsonaro de “Negão Celso”. 

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, no entanto, Bolsonaro precisou contar com a benevolência do ex-comandante do Exército Enzo Martins Peri para conseguir a condecoração – uma das principais honrarias militares. A medalha é concedida para militares e civis que, em tempos de paz, tenham realizado "atos pessoais de abnegação, coragem e bravura, com risco de vida".

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Os documentos internos do Exército mostram que o processo de apuração do caso do afogamento ouviu somente militares sugeridos por Bolsonaro em sindicância, que precisou da ajuda do general Enzo Peri para ser aberta. O próprio ex-presidente pleiteou a medalha em setembro de 2013. Ele enviou um ofício ao então comandante do Exército, Peri, pedindo a abertura de um processo interno para avaliar a entrega da honraria.

O despacho favorável à abertura do processo interno foi do chefe de gabinete do comandante do Exército, general Mauro Lourena Cid — pai do tenente-coronel Mauro Cid e colega de turma de Bolsonaro na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras). O capitão Luiz Eugênio Cardoso Rangel Serra foi o responsável por conduzir a sindicância, que consistiu nos depoimentos de Bolsonaro, Celso e os demais sete amigos do então deputado listados no documento.

No documento, Bolsonaro conta que, em 1978, como aspirante a oficial, estava num acampamento com outros militares quando o soldado Celso Moraes Luiz se desequilibrou das cordas usadas para atravessar uma lagoa, caiu na água e começou a afundar. Pelo relato, Bolsonaro mergulhou duas vezes antes de conduzir Celso até a margem.

As versões de todas as testemunhas indicadas por Bolsonaro no processo são parecidas. No relatório final da apuração, o capitão Luiz Eugênio afirmou que o processo só foi instaurado porque tratou-se de uma "iniciativa pessoal do comandante do Exército". Se não fosse uma decisão do chefe da Força, o processo para a concessão da medalha teria caducado em 1979.

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Fonte: Redação Terra
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