O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, participou de uma reunião secreta no Congresso, nesta terça-feira, 10, dia em que o presidente Jair Bolsonaro acompanhou um desfile de veículos blindados. A audiência ocorreu na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, colegiado formado por deputados e senadores.
A reunião havia sido marcada antes do recesso legislativo e foi chamada para discutir o papel dos órgãos de inteligência, como o GSI, comandado por Heleno. Um dos principais assuntos, no entanto, acabou sendo o comboio bélico na Praça dos Três Poderes justamente no dia em que a Câmara se debruçou sobre a polêmica do voto impresso.
Heleno disse que os exercícios militares estavam programados há no mínimo seis meses. "Foi uma coincidência", observou o general, ao ser questionado sobre o motivo de a exibição militar ocorrer na mesma data da votação do voto impresso na Câmara. A iniciativa foi classificada pelo Congresso como "uma afronta" para intimidar os deputados.
"Eu não acho que tenha sido feito algo para afrontar o Congresso. O desfile já estava montado e talvez o presidente (Bolsonaro) tenha se aproveitado um pouco dele. Mas tratar isso como crise institucional é um exagero, é achar chifre em cabeça de cavalo", afirmou o presidente da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência, deputado Aécio Neves (PSDB-MG).
Na reunião desta terça-feira, Heleno também foi perguntado sobre a tentativa do governo de contratar o Pegasus, software que espionou dados de cidadãos em dezenas de países, e negou a participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho 02 de Jair Bolsonaro, nesse processo. Ao mencionar a aquisição da tecnologia 5G, o general também negou que haja veto à chinesa Huawei, mas admitiu preocupação com a privacidade de dados.
Todas as audiências da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência são secretas e reservadas aos parlamentares que a integram. Os encontros, porém, não são corriqueiros no Congresso. A última atividade da comissão havia sido em agosto do ano passado para ouvir o então ministro da Justiça, André Mendonça, sobre um relatório de inteligência da pasta que mirou em servidores públicos.