Comissão Interamericana de Direitos Humanos condena morte de cinegrafista

12 fev 2014 - 22h11
(atualizado às 22h45)

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou, nesta quarta-feira, os atos de violência que causaram a morte do cinegrafista Santiago Andrade, no Rio de Janeiro. Por meio de nota, a Comissão Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH manifestou sua "preocupação" e pediu às autoridades brasileiras "a realização de investigações rápidas que possam esclarecer os motivos da agressão e identificar e punir de forma adequada os responsáveis".

Na última quinta-feira, o cinegrafista Santiago Andrade, da rede de televisão Bandeirantes, cobria a manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro quando foi atingido na cabeça por um rojão. Andrade, de 49 anos, recebeu auxílio médico mas teve sua morte cerebral declarada na última segunda-feira.

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A nota da CIDH esclarece que a polícia já havia "capturado duas pessoas supostamente envolvidas no caso" e mencionou a existência de "relatos contraditórios sobre os possíveis culpados pela agressão".

"Além de expressar sua indignação, a presidente Dilma Rousseff determinou que a Polícia Federal tome à frente das investigações sobre o caso", disse a comissão, órgão autônomo da OEA.

Atingido em protesto, cinegrafista tem morte cerebral

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro. Além dele, outras seis pessoas ficaram feridas na mesma manifestação.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o cinegrafista chegou em coma ao hospital municipal Souza Aguiar. Ele sofreu afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e passou por cirurgia no setor de neurologia. A morte encefálica foi informada pela secretaria no início da tarde de 10 de fevereiro, após ser diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do hospital onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva.

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Suspeito de lançar rojão é apresentado para imprensa e hostilizado

O tatuador Fábio Raposo confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu Santiago. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão.

Raposo ajudou a polícia a reconhecer um segundo responsável pelo disparo do artefato que causou a morte do cinegrafista. O tatuador, preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, afirmou, de acordo com o relato do delegado, que “eles se encontravam em manifestações" e que "esse rapaz tem perfil violento”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou, na manhã do dia 11, uma foto do suspeito de ter acendido o rojão que atingiu Santiago Andrade. Caio Silva de Souza, 23 anos, tem duas passagens pela polícia e era considerado foragido desde que foi expedido um mandado de prisão temporária em seu nome. Fábio Raposo, que passou o rojão, reconheceu o autor do disparo a partir da imagem levada pelo delegado.

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Suspeito de lançar rojão precisa ser avaliado por psicólogos, diz polícia

Procurado por homicídio doloso qualificado – quando há intenção de matar – por uso de artefato explosivo e pelo crime de explosão, o suspeito foi preso na madrugada de 12 de fevereiro em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que também defende Fábio Raposo, Caio Silva de Souza seguia em direção ao Ceará, para a casa de um avô, mas foi convencido a se entregar. Ele não reagiu ao ser preso.

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