Conselho ligado à Igreja responsabiliza governo por mortes

Após óbito de terceiro índio no fim de semana, o conselho emitiu nota citando 'incentivo a invasões às terras indígenas' do governo federal

8 dez 2019 - 22h35
(atualizado em 9/12/2019 às 07h42)

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica, emitiu neste domingo uma nota pública com duras críticas ao governo de Jair Bolsonaro, à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério da Justiça depois que a morte de um terceiro índio foi registrada no país em menos de 24 horas. Humberto Peixoto, do povo Tuyuca, do Amazonas, foi vítima de espancamento a pauladas na última segunda-feira, em Manaus, e veio a óbito neste sábado.

Jair Bolsonaro.
Jair Bolsonaro.
Foto: Adriano Machado / Reuters

Peixoto trabalhava na Cáritas Arquidiocesana do Amazonas como catequista e a motivação do crime ainda é investigada. O Cimi responsabiliza diretamente Jair Bolsonaro e seu governo pelas mortes recentes de indígenas no País. "As autoridades do governo federal tem negado os direitos indígenas, incitado o preconceito e o ódio na população e acobertado a invasão dos territórios e a violência física contra os povos", diz trecho da nota.

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Em outro trecho, o Conselho lembra que o ministro das Minas e Energia disse que estava preparando um Projeto de Lei para ser enviado ao Congresso com o objetivo de regulamentar a exploração de minérios e outras atividades da agropecuária nos territórios indígenas.

"Os direitos dos povos indígenas têm sido negociados e entregues à bancada ruralista, que já tem o controle das ações da Funai em Brasília e nas regiões. Nestes últimos dias, o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier, determinou que todos os servidores sejam obrigados a solicitar sua autorização para prestar assistência às comunidades indígenas, além de proibir o deslocamento de servidores a terras indígenas não homologadas e registradas" diz trecho da nota.

Ainda segundo avaliação do Conselho, o Ministério da Justiça, ao qual a Funai é subordinada, "está omisso e o ministro Sérgio Moro se nega a receber os representantes indígenas que têm solicitado audiências para resolver pendências territoriais".

Paulo Paulino Guajajara, 26 anos, morto em uma emboscada dentro da TI Arariboia, no início de novembro
Foto: Divulgação Apib / Estadão Conteúdo

Ataques aos Guajajara

Neste sábado, um grupo de lideranças indígenas Guajajara retornava de uma reunião com a Funai e a Eletronorte quando foram atingidos por vários disparos de arma de fogo na BR-226, no município de Jenipapo dos Vieiras. Dois deles morreram no mesmo dia e outros dois ficaram gravemente feridos.

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No dia 1º de novembro, outro líder indígena da região, Paulo Paulino Guajajara, foi assassinado dentro da TI Araribóia, também no Maranhão. Ele foi atacado por invasores durante uma emboscada.

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