Conselho nega pedido de Vargas para substituir relator

Acusado de quebra de decoro parlamentar, Vargas afirma que Júlio Delgado antecipou julgamento sobre o processo

5 ago 2014 - 17h32
(atualizado às 22h37)

O Conselho de Ética negou nesta terça-feira pedido do deputado André Vargas (sem partido-PR) pela suspeição do relator de seu processo de quebra de decoro parlamentar. Acusado de ligação com o doleiro Alberto Youssef, o deputado alegava que Júlio Delgado (PSB-MG) foi tendencioso e antecipou julgamento.

Pela primeira vez presente no Conselho de Ética, Vargas defendeu o pedido de suspeição. Alegou que Delgado não observou procedimentos de direitos de defesa, com a liberação de documentos em poder do colegiado, e se comportou como um acusador. “Eu nem eleição estou disputando. Eu sei que vocês estão. Talvez seja essa a pressa de vcs. Eu estou disputando a honra”, disse o parlamentar, que deixou o PT e a vice-presidência da Câmara após o escândalo.

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O relator disse ter agido para cumprir o prazo e garantiu ter insistido na convocação das testemunhas de defesa. “Nem no processo do (então) deputado José Dirceu (na época do mensalão) fomos tratado com tanta deselegância, pedindo a suspeição dos trabalhos”, disse. “Aqui no Conselho de Ética não tem media training, não tem relator chapa branca, não tem relator que vai combinar com entrevistado as perguntas”, acrescentou, ironizando as denúncias de que governistas teriam acertado questões com depoentes na CPI da Petrobras.

Apesar de ter o poder de decidir a questão sozinho, o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), decidiu colher votos dos integrantes do colegiado. Os três petistas presentes, Fernando Ferro (PE), Sibá Machado (AC) e Zé Geraldo (PA), viram uma conduta irregular do relator, sendo que o primeiro se absteve da votação e os outros dois votaram pelo pedido de Vargas.

O deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) tentou pedir vista para analisar melhor o pedido de Vargas, o que irritou o investigado. O peemedebista adiantou que fará o mesmo pedido para estudar melhor o relatório de Júlio Delgado, que será lido ainda hoje.

André Vargas é alvo do Conselho de Ética depois de admitir ter usado um jatinho do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, para viajar com a família nas férias. Ele também é acusado de ter ajudado o laboratório Labogen a obter um contrato junto ao Ministério da Saúde. Segundo a PF, a empresa é de propriedade de Youssef.

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Fonte: Terra
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