A contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Bonfim da Silva Poza, revelou em depoimento à Polícia Federal detalhes sobre pagamentos por serviços de consultoria de firmas do doleiro feitos por empresas que, segundo ela, sabiam que estavam contratando uma fraude. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Meire citou o caso da Mendes Júnior, integrante de um consórcio que fez obras na refinaria da Petrobras em Paulínia (SP), pelas quais recebeu pouco mais de R$ 1 bilhão.
A Mendes Júnior pagou R$ 3,8 milhões para GFD Investimentos, empresa de fachada do doleiro que oferecia consultorias, mas segundo o Ministério Público Federal, esse dinheiro ficou com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e com o doleiro.
De acordo com a contadora, ela própria chegou a alertar um executivo que trabalhava com Youssef sobre a impossibilidade de a GFD emitir nota fiscal. O executivo, chamado João Procópio de Almeida Prado, teria respondido, segundo ela: "A Mendes Júnior vai providenciar tudo".
Meire revelou ainda que empresas como Sanko Sider, OAS, a Galvão Engenharia e a Unipar contratavam empresas de Youssef que só existiam no papel. A Sanko, maior fornecedora de tubos para a Petrobras, pagou R$ 24,1 milhões a uma empresa de fachada do doleiro, que tinha além da GDF, outras quatro empresas que não existiam: MO Consultoria, a Empreiteira Ridigez, a RCI Software e Hardware e a RP Montagens Industriais.
Aos policiais, ela confessou que passou notas de sua empresa, a Arbor Consultoria, para clientes do doleiro. Em outro trecho do depoimento, ela disse ainda que Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval e um dos condenados no processo do mensalão, era o diretor-financeiro do doleiro. Quadrado foi condenado por ter usado a corretora para repassar recursos para o PP.
Ao jornal, as empresas Mendes Júnior, OAS, Galvão e Unipar afirmam desconhecer o depoimento. A Sanko diz que a contadora não é testemunha e sim uma investigada e que os serviços de Youssef que contratou foram prestados.