Para tentar conter a eventual aprovação de um sistema de votos majoritários para deputados, o PT passou a apoiar na Câmara dos Deputados o sistema de voto distrital misto, que combina o voto majoritário e o proporcional, defendido pelo PSDB. A proposta do distritão é a principal bandeira do PMDB para a reforma política, que é discutida em uma comissão da Casa.
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“Nós defendemos e vamos defender a partir de agora uma proposta que é intermediária, que nós aceitamos uma composição com o voto distrital misto, porque ele garante a representação dos distritos e mantém a representação proporcional e garantindo que as ideias minoritárias sejam representadas no parlamento”, disse Carlos Zarattini (PT-SP).
O sistema distrital misto consiste na eleição de deputados federais em distritos, por voto majoritário, e em todo o Estado, de forma proporcional. A ideia é aumentar a representatividade regional, sem prejudicar os partidos.
O PT é favorável a um sistema de lista fechada, em que o eleitor vota apenas no partido e os vencedores são definidos de acordo com a relação. Mas, sem perspectiva de conseguir levar adiante a ideia, vai priorizar o combate ao voto majoritário para deputados, como quer o PMDB.
Para Zarattini, o distritão tende a prejudicar a renovação da Câmara dos Deputados, enfraquecer partidos, encarecer as campanhas e reduzir a representação de grupos minoritários no Legislativo. “Consideramos que essa proposta do chamado distritão vai contra uma tradição da política brasileira que é o voto proporcional, que sempre garantiu setores minoritários, e essa proporcionalidade tem que ser mantida”, disse.
Para os defensores do sistema apoiado pelo vice-presidente Michel Temer, o voto majoritário para deputados facilita o entendimento do eleitor, que escolhe um candidato para representa-lo na Câmara, sem arrastar deputados com baixa votação para a Casa.
Votação adiada
A votação do relatório do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) estava prevista para hoje, mas foi adiada para a semana que vem em busca de um consenso maior. O texto aumenta os mandatos para cinco anos, termina com a reeleição para cargos majoritários e inclui o distritão, proposta que nem mesmo tem a simpatia do relator.
“Chegamos a um entendimento de as lideranças entrarem em jogo para ver se a gente chega a um consenso maior, para que a gente vote um relatório que tenha viabilidade de ser aprovado. Temos que aprovar alguma coisa que seja importante para melhorar o sistema que nós temos”, disse Castro.
Ontem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que faltava "inteligência" política ao relator por tentar mexer no mandato de senadores. O peemedebista defendia em seu relatório um mandato de cinco anos para o Senado, decidiu aumentar para dez, mas acabou voltando atrás. Cunha chegou a sugerir, inclusive, que o relatório fosse votado direto no plenário da Câmara. O presidente da comissão, Rodrigo Maia (DEM-RJ), garantiu aos deputados que a votação não vai direto ao plenário.
Castro disse que a tensão com Cunha está superada. "Não me sinto pressionado por ninguém. O caso entre mim e Eduardo Cunha é bala trocada, ele veio de lá eu vim de cá", disse.