'Corrupto', 'ladrão' e 'comunista': Relembre o que Javier Milei já falou sobre Lula

Troca de farpas entre os presidentes envolve exigência de Lula por pedido de desculpas e novos insultos do argentino direcionados ao petista; Milei veio ao Brasil para congresso de direita, mas não encontrou presidente brasileiro

7 jul 2024 - 18h39

O presidente da Argentina, Javier Milei, esteve no Brasil no fim de semana dos dias 6 e 7, mas não encontrou-se com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem coleciona embates. A viagem do líder de direita é sua primeira visita ao Brasil desde a posse no final de 2023, e teve como objetivo a participação da versão brasileira da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), em Balneário Camboriú (SC). Em seu discurso no evento, Milei disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é perseguido pela Justiça e criticou governos socialistas, mas desta vez não mencionou o nome Lula.

O confronto entre as duas lideranças, contudo, está aquecido. Na última semana, Milei chegou a dizer que Lula é "corrupto" e "comunista", em acusações que não são inéditas. A relação entre os líderes vizinhos e rivais políticos é marcada por ofensas desde o período eleitoral argentino, em que Milei se lançava como o candidato da direita e afirmava que o petista atuava contra sua candidatura. Em uma ocasião, Milei chamou Lula de "comunista furioso".

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No episódio mais recente, Lula exigiu que Milei se retratasse por já ter dito "muita bobagem" sobre ele e o Brasil, como condição para que uma reunião de trabalho entre os dois pudesse ocorrer. Em resposta, o argentino afirmou só ter dito "a verdade" e que petista tem "ego inflamado".

"As coisas que eu disse, ainda por cima, são corretas. Qual o problema de chamá-lo de corrupto? E por acaso não foi preso por ser corrupto? Eu o chamei de comunista. E por acaso não é comunista? Desde quando tenho que perdir perdão por dizer a verdade?", rebateu Milei, durante entrevista à TV La Nación+.

Presidentes Lula e Javier Milei.
Presidentes Lula e Javier Milei.
Foto: Wilton Junior/Estadão e Tomas Cuesta/AFP / Estadão

As provocações já vêm dos primeiros dias do governo petista, em 2023, quando Milei afirmou que o presidente brasileiro faz parte de um grupo de "políticos ladrões", que é um "socialista de bons modos" e que trabalha para o Foro de São Paulo. O Estadão Verifica explicou os mitos e verdades sobre essa organização. Embora convidado, Lula não compareceu à posse do argentino.

O mesmo teor de insultos ocorreu durante a campanha presidencial da Argentina, quando Milei disse que Lula esteve preso porque era corrupto, acusou o petista de ser "comunista" e "totalitário" e de interferir na disputa eleitoral de 2023 para beneficiar o ex-ministro da Economia Sergio Massao, rival político de Milei e que teve o apoio do presidente brasileiro.

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Na terça-feira, 2, Milei citou Lula em seu perfil no X (antigo Twitter), em um texto intitulado "o perfeito dinossauro idiota". Na publicação, ele afirma mais uma vez que o brasileiro é "corrupto" e "comunista", e que o presidente interferiu nas eleições argentinas.

O argentino avisou oficialmente ao Itamaraty sobre sua vinda para o Brasil somente na última quinta-feira, 4, e, na esteira do confronto com o petista, cancelou sua participação na Cúpula do Mercosul - embora, oficialmente, o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni tenha negado que a desistência de comparecer à reunião de chefes de Estado tenha relação com algum incômodo com Lula.

O Estadão mostrou que as chancelarias dos dois países trabalham nos bastidores por uma aproximação e a construção de uma relação pragmática entre os líderes. Os ministros de Relações Exteriores atuaram para amenizar as divergências ideológicas e abrir canais de diálogo, mas a nova rodada de insultos e acusações, além da visita de Milei sem visitar o "dono da casa", pode colocar em risco os eventuais avanços na relação.

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