A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (21) que os cortes que serão feitos no Orçamento de 2015 não vão paralisar o governo. O governo federal vai bater o martelo sobre o contingenciamento – que deve ficar entre R$ 70 e 80 bilhões - nesta quinta-feira e publicá-lo amanhã.
“Nenhum contingenciamento paralisa governo. O governo gasta menos em alguma coisa. É como numa casa, quando a pessoa faz economia, ela não paralisa a casa. Vamos fazer uma boa economia para que o País possa crescer e ter sustentabilidade no governo”, disse Dilma, antes de um almoço com o presidente do Uruguai, Tabaré Vazquez, no Palácio do Itamaraty.
Segundo a presidente, o contingenciamento não vai ser pequeno. "Tem gente que acha que o contingenciamento vai ser pequeno. Não vai, vai ser um contingenciamento nem tão grande que não seja necessário, nem tão pequeno que não seja efetivo."
O governo federal esperava anunciar os cortes no Orçamento nesta quinta-feira para levar em conta as votações do ajuste fiscal na Câmara dos Deputados e no Senado. A equipe econômica esperava os resultados para eventualmente ajustar o contingenciamento de acordo com o resultado no Legislativo, já que parlamentares podem mudar o texto e reduzir a economia prevista pelo governo. As votações, no entanto, não foram concluídas.
As medidas provisórias 665 e 664 - que mudam regras do seguro-desemprego, pensão por morte e outros benefícios - precisam ser votadas até o dia 1º de junho, quando perdem a validade. As medidas foram aprovadas pela Câmara, mas se o Senado alterar qualquer ponto, precisa voltar para analise dos deputados.
Em entrevista, Dilma preferiu não fazer prognósticos da votação. "A gente não faz prognósticos, a gente observa a realidade, tenta criar condições para que as coisas se deem conforme as necessidades do País", disse. "Eu quero aprovação. Eu espero aprovação. Porque para o Brasil, virar essa página é fundamental."
"Levy é da minha confiança e fica no governo"
A presidente minimizou a resistência da própria base aliada no Senado sobre as medidas de ajuste fiscal. Ontem, dois petistas e outros nove senadores de partidos governistas assinaram um manifesto contrário às medidas provisórias que alteram benefícios trabalhistas e previdenciários. "Este é um país democrático. As pessoas podem pensar diferentes dentro dos partidos, de todos os partidos", disse.
Dilma rebateu o senador Lindberg Farias (PT-RJ), que criticou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, principal articulador das medidas de ajuste fiscal. "Eu não tenho a mesma posição em relação a Joaquim Levy do senador. O Joaquim Levy é da minha confiança e fica no governo."