Um dos cotados para substituir o ministro da Saúde, Osmar Terra (DEM), caso ele seja demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Osmar Terra (MDB) concorda com o mandatário em relação ao relaxamento de medidas restritivas e defende "experimentar" cloroquina. Os dois temas - a quarentena e o medicamento - são controvérsias entre Bolsonaro e o atual titular da Saúde.
Procurado pelo Estado sobre o uso da cloroquina, Terra, que foi ministro da Cidadania até 13 de fevereiro - quando foi substituído por Onyx Lorenzoni e reassumiu o mandato de deputado - afirmou nesta segunda-feira que "é preciso experimentar para ver o resultado". Em seu pronunciamento no último dia 31, Bolsonaro tinha anunciado que que os laboratórios químico-farmacêutico militares iriam produzir, em 12 dias, um milhão de comprimidos do medicamento, cuja eficácia no combate à covid-19 ainda não foi comprovada.
Além disso, em artigo publicado nesta segunda no jornal Folha de S.Paulo, Terra defende o relaxamento da quarentena e argumentou que ela seria, na verdade, uma ferramenta ineficaz no combate à pandemia. "No Brasil, ao redor da terceira semana de abril deverá começar a queda do número de novos casos, terminando na primeira semana de junho. Façam ou não façam quarentena", escreveu.
Sobre o tema, Bolsonaro defende o que ele chama de "isolamento vertical", em que apenas as pessoas que pertencem a grupos de risco ficam em quarentena.
Qual é a especialidade de Osmar Terra?
Terra é médico, especializado em saúde perinatal e com mestrado em neurociência pela PUC do Rio Grande do Sul. Quando esteve à frente da pasta da Saúde do Estado, criou, em 2003, do programa Primeira Infância Melhor, uma iniciativa de atenção à primeira infância. Como ministro do Desenvolvimento Social, durante a gestão de Michel Temer, Terra foi um dos criadores, em 2016, do programa Criança Feliz, que tinha como objetivo dar assistência médica e psicológica na primeira infância a crianças de famílias atendidas pelo Bolsa Família.
Na juventude, quando morava no Rio de Janeiro, o ministro foi filiado ao PC do B e chegou a morar em Buenos Aires, durante a ditadura militar brasileira.
Como foi a sua passagem pelo ministério da Cidadania?
O deputado deixou o Ministério da Cidadania em meio a críticas na condução do programa Bolsa Família, subordinado à pasta, e depois de reportagens do Estado revelarem que o ministério, sob sua gestão, contratou uma empresa suspeita de ser usada como laranja para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos. Na ocasião da demissão, Bolsonaro ofereceu a Terra a possibilidade de ocupar uma embaixada, oferta rejeitada pelo parlamentar, que teria que abrir mão do mandato para aceitar o convite.
Enquanto o deputado foi ministro da Cidadania, a pasta engavetou o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira,, conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alegando que o estudo não havia confirmado a existência de uma "epidemia da droga". Em seguida, o Ministério da Justiça optou por autorizar a publicação do material.
A possibilidade de que Mandetta seja demitido da pasta da Saúde pelo presidente Bolsonaro levou o sobrenome do ministro a liderar a lista dos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro nesta segunda-feira. As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro registraram panelaços contra a demissão do titular.