O presidente Jair Bolsonaro fez uma defesa veemente de seu indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o desembargador Kassio Nunes, e reafirmou que não irá mudar a indicação, apesar das críticas de apoiadores, especialmente da ala evangélica.
"Está mantido o nome dele. A menos que tenha um fato novo gravíssimo contra ele, que tudo indica que não tem, eu revi muito a vida dele. Ele vai para o Supremo. Agora, é uma covardia o que estão fazendo com ele", reclamou o presidente em conversa com apoiadores ao sair do Palácio da Alvorada.
O presidente reclamou de informações que estão sendo usadas nas redes contra o desembargador e criticou duramente o pastor Silas Malafaia, antigo aliado --sem citar seu nome-- a quem chamou de covarde pelas acusações feitas a Nunes.
"Essa infâmia que essa autoridade lá do Rio de Janeiro está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque ele queria que eu colocasse um indicado por ele", reclamou. "Com todo respeito o presidente sou eu. Eu não tenho cabeça dura não. Eu volto atrás em decisões minhas. Mas essa decisão é crucial para mim."
Em vídeos postados em suas redes sociais, Malafaia classificou de "absurdo vergonhoso" a indicação de Nunes.
"Meu presidente, com todo o respeito, como é que o senhor vai indicar um cara para o STF nomeado por Dilma, amigo da petralhada, com posições socialistas. É uma decepção geral. O senhor está colocando um camarada que atende o centrão, o PT e a esquerda", afirmou.
Encabeçado pelas críticas de Malafaia, apoiadores de Bolsonaro foram às redes sociais para reclamar da nomeação do desembargador e dizer que não iriam mais votar em Bolsonaro em 2022.
"Estou chateado sim, pessoal que me apoia dizendo 'não voto mais'. Não tem problema é um direito dele, até não ir votar. Agora essa autoridade do Rio de Janeiro queria que indicasse o dele. Lamento uma autoridade que diz que tem Deus no coração, dói mais ainda", disse o presidente.
Malafaia pretendia ver indicado ao STF o juiz federal William Douglas dos Santos, evangélico, e que tinha inicialmente apoio do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente. O pastor chegou a levar outros evangélicos a uma audiência com Bolsonaro em que foi apresentado o nome de Santos, mas o presidente nunca chegou a concordar com a indicação.
Apesar ter dito diversas vezes que pretendia indicar um ministro "terrivelmente evangélico", Bolsonaro decidiu deixar a promessa para a segunda vaga que terá direito, em 2021, com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello.