Citado em investigações, Agnelo Queiroz depõe hoje à CPI

13 jun 2012 - 07h38

Citado nas investigações da operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), prestará depoimento na manhã desta quarta-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos, empresários e servidores. O depoimento do governador petista está marcado para as 10h15.

Agnelo Queiroz é citado em conversas telefônicas gravadas pela PF
Agnelo Queiroz é citado em conversas telefônicas gravadas pela PF
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

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No começo do ano, gravações da PF, feitas durante a Operação Monte Carlo, flagraram o então chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, em conversa com pessoas ligadas a Cachoeira. Quando as denúncias foram veiculadas pela imprensa, Monteiro pediu afastamento do cargo.

"Será uma oportunidade para Agnelo esclarecer possíveis dúvidas sobre sua relação com Cachoeira", comentou, na semana passada, o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG).

A CPI também deve questionar Queiroz sobre os contratos do governo do Distrito Federal com a empresa Delta, acusada de fazer parte da organização criminosa comandada por Cachoeira. A Delta era responsável pela coleta de lixo no Distrito Federal e seu contrato foi suspenso na semana passada.

O rompimento com a empresa ocorreu mais de um ano depois de o próprio governo constatar fraudes na execução dos contratos. A Secretaria de Transparência, em inspeção realizada em janeiro e fevereiro de 2011, constatou superfaturamento nos valores pagos, descumprimento de itens previstos em licitação e prestação de serviços de qualidade inferior à prevista. Os pagamentos indevidos, somente entre abril e dezembro de 2010, somaram R$ 9,5 milhões.

O governador também terá que dar explicações sobre o crescimento exponencial de seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos bens do petista subiu quase 12 vezes.

Durante a semana, a bancada do PSDB traçou estratégias para o depoimento de Queiroz. Os parlamentares tucanos tentarão buscar denúncias antigas para embasar o ataque ao petista. De acordo com o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), o partido vai procurar ser imparcial e não atacar Agnelo gratuitamente em seu depoimento na CPI. Mas usou um tom irônico ao se referir às explicações que Agnelo terá que oferecer aos parlamentares em seu depoimento.

"Não há espaço para agressão desnecessária. O questionamento tem que ser duro, todos os fatos revelados devem ser investigados e nós vamos dar oportunidade ao governador de Brasília de esclarecer todas as denúncias que pesam contra ele. Aliás, uma enxurrada de denúncias há vários anos, antes de ser governador, depois de governador, denúncias velhas, denúncias novas. Ele terá certamente a oportunidade de responder", disse o senador.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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