- Elaine Lina
- Direto de Brasília
Por unanimidade, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira aprovou na manhã desta sexta-feira a quebra de sigilos telefônico, bancário e fiscal do governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. A decisão, que abrange o período de dez anos, entre 2002 e 2012, vale também para mensagens SMS.
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Os dois governadores já depuseram na comissão e negaram qualquer vínculo com Cachoeira. Ambos haviam concordado em abrir seus sigilos à comissão. Agnelo autorizou a quebra dos seus sigilos durante seu depoimento ontem.
Na terça-feira, o governador de Goiás havia se recusado a abrir os sigilos, alegando que era testemunha e não acusado. Com a decisão de ontem de Agnelo Queiroz de autorizar a quebra de seus sigilos, Marconi voltou atrás e também autorizou o acesso a seus dados.
Sobre o requerimento de parlamentares do PSDB - que pedem o depoimento da presidente república Dilma Rousseff, acerca das relações da empresa Delta Construtora, que também teria ligações com o contraventor, com o governo federal e o PT-, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), garantiu que desconhece e existência e de tal pedido e, por isso, o requerimento não será votado. Com esse argumento, o senador se negou, por pelo menos duas vezes, a responder questionamentos sobre a validade de tal pedido.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Com informações da Agência Câmara.