Agir rápido. Agora que possuem uma nova “carta na manga”, é isso que os partidos da oposição pretendem fazer para dar continuidade à CPI da Petrobras. Logo depois de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa, denunciar políticos do governo à Polícia Federal, líderes do PPS e do PSDB já começaram a se articular para retomar as investigações com mais força.
O deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), líder do partido na Câmara, foi um dos primeiros a se manifestar. Em nota, ele disse que pretende convocar uma reunião de emergência da CPI para discutir o possível envolvimento de políticos no esquema de lavagem de dinheiro e que solicitará a cópia de todos os depoimentos de Costa a delegados da Polícia Federal e a procuradores da República.
“Precisamos de todas as informações sobre as denúncias feitas por Paulo Roberto Costa para que possamos indicar rapidamente os caminhos para que o Ministério Público Federal e a Justiça estabeleçam os devidos processos legais contra todos os envolvidos”, declarou. “Primeiro precisamos saber quais parlamentares realmente estão envolvidos no esquema. Feito isso, os Conselhos de Ética da Câmara e do Senado deverão instalar processos para apurar cada caso, dando espaço para a defesa e punindo caso necessário”, completou.
O PSDB se manifestou através do candidato à presidência Aécio Neves. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o tucano afirmou que as denúncias feitas pelo ex-diretor “configuram um novo esquema do Mensalão” por meio de “desvios de recursos da estatal para abastecer parlamentares que apoiam o governo da presidente Dilma Rousseff”.
“O Brasil acordou perplexo com a gravidade das denúncias em relação à Petrobras. Na verdade, estamos frente ao Mensalão 2. Dinheiro público sendo utilizado para sustentar um projeto de poder. Poucas vezes na história desse país assistimos tanta desfaçatez”, declarou.
O candidato ao governo de Minas Gerais Pimenta da Veiga (PSDB) também comparou o caso com o mensalão. Durante participação em uma olimpíada estudantil em Belo Horizonte, disse que acredita, inclusive, que as novas informações podem mudar os rumos das eleições deste ano.
"O mensalão ficou pequeno diante desse ‘segundo mensalão’. Nós muitas vezes denunciamos que a Petrobras, empresa símbolo do País, estava sendo ‘emporcalhada’. Agora estão aí as provas. Um diretor está contando como foi a roubalheira. É uma coisa escabrosa. É a maior corrupção que já vi em toda minha vida. Não é possível discutir a continuação de um sistema de governo que cometeu atos como esses. Isso vai provocar uma grande repercussão na eleição", afirmou.
Entenda o caso
A revista Veja divulgou neste fim de semana uma suposta lista de políticos delatados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele fez acordo de delação premiada com a Polícia Federal para reduzir sua pena no processo da operação Lava-Jato.
Entre os citados estão o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB); o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB); o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB); os senadores Ciro Nogueira (PP) e Romero Jucá (PMDB); os deputados Cândido Vaccarezza (PT) e João Pizzolatti (PT); os ex-governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Campos (morto, ex-PSB); e a atual governadora Roseana Sarney (PMDB).