CPI do MEC: governistas tentam desengavetar outros pedidos para atrasar abertura

Três requerimentos para instalação de comissões aguardam na fila para leitura em plenário; parlamentares enviaram ofícios ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pedindo que seja obedecida a ordem cronológica

29 jun 2022 - 10h46
(atualizado às 11h17)
Pedido de abertura da CPI do MEC foi protocolado pela oposição no Senado
Pedido de abertura da CPI do MEC foi protocolado pela oposição no Senado
Foto: Pedro França/Agência Senado

Com a possibilidade de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar desvios no Ministério da Educação, senadores governistas se movimentam para evitar o desgaste que a abertura da investigação no Congresso causaria para o governo federal.

No mesmo dia em que foi protocolado o pedido de abertura da CPI do MEC, nesta terça-feira, 28, parlamentares enviaram ofícios ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobrando que a Casa dê prioridade à instalação de outras comissões que aguardam na fila.

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Atualmente, três pedidos de abertura de CPI estão parados no Senado, mesmo já havendo assinaturas o suficiente para que os requerimentos sejam lidos em plenário:

CPI das Obras Inacabadas, de autoria do senador Carlos Portinho (PL-RJ);

CPI do Narcotráfico, de autoria do senador Eduardo Girão (Podemos-CE);

CPI das ONGs, de autoria do senador Plínio Valério (PSDB-AM).

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Líder do governo na Casa, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) enviou ofício a Pacheco pedindo que seja lido o requerimento para a criação da CPI das Obras Inacabadas, protocolado por ele em abril. A comissão quer investigar irregularidades em obras públicas inacabadas em creches, escolas e universidades no período anterior ao governo Jair Bolsonaro (PL), de 2006 a 2018.

"É de suma importância que a leitura, instalação e indicação dos membros para a sua composição obedeça à ordem cronológica de apresentação dos respectivos requerimentos, sob pena de ferir princípios constitucionais, em especial o princípio da isonomia", argumentou o senador nesta terça-feira.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), por sua vez, cobrou a instalação de uma CPI para investigar o crime organizado e o narcotráfico, cujo pedido foi protocolado por ele em abril. Naquela ocasião, a proposição teve apoio de 34 senadores, sete acima da quantidade mínima necessária para viabilizar o requerimento.

Também em abril, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) protocolou pedido para a abertura de uma CPI para investigar a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) na Amazônia. À época, o requerimento teve 31 assinaturas. "Não queremos demonizar as boas ONGs, a ideia é fiscalizar essas pessoas que se aproveitam dessas comunidades. É necessário a instalação da CPI para mostrarmos a cara de pau que permeia tudo que se diz à respeito da Amazônia", disse o parlamentar quando leu o requerimento, em abril.

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Plínio Valério afirmou que o Senado já deu prioridade à instalação de um colegiado em detrimento dos demais em 2021, em favor da CPI da Covid, dada a urgência alegada naquela ocasião. Segundo ele, não é "regimental" que isso se repita.

"Já foi ultrapassada uma vez pela chamada CPI da Covid e não é regimental, nem jurídico, que seja novamente preterida por outros requerimentos de criação de CPIs, muito mais recentes e sequer lidos em plenário", afirmou.

O pedido de instalação da CPI do MEC, protocolado pela oposição no Senado, conta com 31 assinaturas, quatro a mais do que o mínimo exigido, de 27. As assinaturas, no entanto, podem ser retiradas até a leitura do documento em plenário pelo presidente do Casa.

Como mostrou o Estadão, o governo acelerou a liberação de verbas para parlamentares na tentativa de barrar a comissão. A liberação dos recursos, segundo aliados do governo, poderá ajudar a convencer senadores e retirar a assinatura.

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