CPI marca depoimento de ex-diretor da Petrobras investigado

Paulo Roberto Costa foi preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal

3 jun 2014 - 12h40
(atualizado às 15h19)

A CPI da Petrobras no Senado marcou para o próximo dia 10 o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que chegou a ser preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Segundo as investigações, o ex-diretor ajudou empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef a fechar contratos com a companhia.

Costa também deve ser convocado pela CPI mista da Petrobras, que conta com a presença de parlamentares da oposição. A CPI do Senado foi boicotada pelos oposicionistas, que buscavam o reforço de deputados rebelados da base para fortalecer a investigação.

Publicidade

“A julgar pela posição que ele apresentou numa entrevista que deu, provável que vá na mesma linha de negar as denúncias feitas. Porém, nesse caso, há muitas investigações já realizadas e pode levar a um bom interrogatório aqui na comissão”, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (CE). 

Ex-gerente diz que cláusulas eram comuns

Ouvido nesta terça-feira na CPI da Petrobras no Senado, o ex-gerente-executivo Internacional da estatal Luis Carlos Moreira da Silva afirmou ter sido o responsável por elaborar um documento técnico sobre a refinaria de Pasadena, que foi posteriormente encaminhado à diretoria-executiva da companhia. A presidente Dilma Rousseff culpou a ausência da especificação sobre cláusulas do contrato na decisão sobre a compra da unidade nos Estados Unidos.

Segundo ela, o resumo executivo analisado pelo Conselho não citava as cláusulas Marlim e put option. A primeira assegurava à Astra Oil, que era sócia da Petrobras no negócio, uma rentabilidade mínima de 6,9% ao ano. Já a opção de venda, ou put option, obrigava a Petrobras a comprar a participação da Astra em caso de conflito entre os sócios. Com base nessa segunda cláusula, a Petrobras comprou 100% da unidade nos EUA num negócio que custou, ao todo, US$ 1,2 bilhão, sendo que havia sido adquirido pela Astra Oil por US$ 360 milhões.

Publicidade

“Essas clausulas são comuns e não interfeririam no negócio. São bastante simples e diretas”, disse Silva. "Fui eu sim, preparei a DIP (Documento Interno do Sistema), que informava todas as cláusulas, todos os contratos. Não no corpo da DIP, mas dos seus anexos, tinham os anexos e os anexos dos anexos. Se a pessoa consultasse os anexos, os anexos dos anexos, acharia todas as cláusulas dos contratos. De fato não estavam destacadas no texto da dip, mas ela aparecia nos documentos anexos”, disse o ex-gerente. 

Silva evitou afirmar que o ex-diretor Nestor Cerveró se baseou no documento para elaborar o resumo considero falho por Dilma. A hoje presidente da República presidia o Conselho da Petrobras em 2006, quando foi aprovada a compra da refinaria. 

Silva disse que Pasadena foi escolhida em uma lista de 10 refinarias, para acompanhar uma estratégia de refinar petróleo brasileiro no exterior. Segundo ele, o negócio foi interessante porque a belga Astra Oil não tinha conhecimento em refino de Petróleo, enquanto a Petrobras estava pouco acostumada com o mercado americano. "Foi um casamento de interesses. O sócio era interessante para nós e nós éramos interessantes para o sócio, porque tínhamos experiência em refinarias no Brasil”, disse. 

Diretor diz que não identificou propina

O gerente de Segurança Empresarial da Petrobras, Pedro Aramis de Lima Arruda, diz que uma investigação interna da Petrobras não identificou pagamento de propina a funcionários da estatal. Ele disse ter ouvido o representante da holandesa SBM Offshore, Julio Faerman, que teria recebido os US$ 139 milhões repassados pela empresa da Holanda a título de comissão.

Publicidade

"O registro que nós obtivemos foi o pagamento da ordem de 130 milhões para as empresas do senhor Faerman, mas não foi identificado qualquer pagamento direto ou terceiros, a mando de empregados da Petrobras", disse Arruda.

Fonte: Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações