A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid recebe nesta terça-feira, 17, o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele é apontado como responsável pela elaboração de um "estudo paralelo" segundo o qual metade das mortes confirmadas no Brasil por covid-19 não teria ocorrido.
Amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o auditor poderá ficar em silêncio e não responder a perguntas que possam incriminá-lo.
O relatório produzido por Alexandre Marques foi citado em junho pelo presidente Jair Bolsonaro para afirmar que havia uma suposta supernotificação de casos de covid-19 nos Estados, que estariam interessados em receber mais verbas para o combate à pandemia. O TCU desmentiu a autenticidade do documento e afastou o auditor do cargo.
A convocação do auditor Alexandre Marques foi sugerida pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e justifica a oitiva pela necessidade de "esclarecer os detalhes" da participação de Figueiredo "na elaboração de 'estudo paralelo'".
Como mostrou o Estadão, Alexandre Marques é amigo dos filhos do presidente Bolsonaro. Assim como seu pai, o coronel do Exército Ricardo Silva Marques - formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), na mesma turma de Bolsonaro, em 1977 -, que hoje ocupa um cargo de diretor da Petrobras, é amigo do presidente.
Nas redes sociais, o auditor costumeiramente endossa narrativas espalhadas pelo governo, como a recomendação do tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada no combate à covid-19. No dia 12 de março, por exemplo, o auditor compartilhou uma notícia de TV dizendo que "autoridades médicas defendem o uso de ivermectina no tratamento da covid", o que não é verdade.