O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz, anunciou que a comissão votará nesta quarta-feira, 30, a convocação de Luiz Paulo Dominguetti Pereira.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Pereira afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.
Além disso, a CPI quer ouvir na próxima semana o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PP), citado nas negociações de vacinas.
Omar Aziz afirmou que é preciso ter cautela e investigar o relato. "Se você fala 400 milhões de doses a 1 dólar por dose, dá 400 milhões de dólares. Multiplica aí, você vai ver o valor estratosférico. Para mim, essas coisas, antes de fazer, diferente do comportamento de alguns do governo, antes de você atirar as pedras, vamos analisar primeiro e ver como aconteceram as coisas para depois ter uma posição concreta sobre os casos", disse o presidente da CPI em entrevista antes da sessão da comissão.
O senador chamou a atenção para a linha do tempo citada pelo empresário. Pereira se apresentou como representante da empresa Davati Medical Supply e afirmou que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias - já exonerado, cobrou a propina durante jantar em Brasília no dia 25 de fevereiro. "Vamos investigar, vamos saber quem estava lá."
Prorrogação
Aziz cobrou a prorrogação do funcionamento da comissão, que depende de ato formal do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Na terça-feira, 29, Pacheco afirmou que tomará a decisão no fim do prazo atual. Se não houver recesso, os trabalhos na comissão terminariam no fim de julho. Senadores irão até o presidente da Casa hoje para pressionar pela prorrogação. "Temos muitas audições a serem feitas. Não dá para deixar para agosto (para decidir). Caso ele for prorrogar, tem que falar agora", disse Aziz.
Reconhecimento de culpa
Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI, comentou em seu perfil do Twitter a exoneração do Roberto Ferreira Dias do cargo de diretor do Departamento de Logística da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, divulgada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União (DOU). A demissão ocorreu após Luiz Paulo Dominguetti afirmar que Dias pediu propina para o governo federal fechar contrato de compra de vacinas contra a covid-19 com a farmacêutica.
"A demissão do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, é o reconhecimento de culpa do governo no caso da compra de vacinas. Duro é lembrar que esse diretor foi indicado por Bolsonaro, no ano passado, para uma vaga de diretor da Anvisa. Iria ser uma festa! A vida dos brasileiros para Bolsonaro valia 1 dólar", escreveu.