CPMI da Petrobras: oposição nega acordo envolvendo políticos

Partidos de oposição negaram na quinta-feira que tivessem feito um acordo para não chamar políticos para depor na comissão

7 nov 2014 - 07h38
<p>Membros da CPMI da Petrobras se reúnem novamente, na próxima terça-feira (11), e podem votar novos requerimentos para depoimentos ou para quebras de sigilos de empreiteiras citadas pelos delatores como pagadoras de propinas a partidos políticos</p>
Membros da CPMI da Petrobras se reúnem novamente, na próxima terça-feira (11), e podem votar novos requerimentos para depoimentos ou para quebras de sigilos de empreiteiras citadas pelos delatores como pagadoras de propinas a partidos políticos
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Governistas e oposicionistas negaram na quinta-feira que tenham entrado em acordo no dia anterior sobre quem seriam os convocados para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras. Embora houvesse uma chamada pauta-bomba na comissão, com requerimentos de convocação de tesoureiros e membros de partidos políticos, os parlamentares acabaram apreciando apenas requerimentos para convocação de empresários e pessoas menos conhecidas, apontados pela Polícia Federal no esquema de corrupção da Operação Lava Jato.

Na quarta, o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), chegou a declarar, após reunião a portas fechadas com os líderes partidários, que eles tinham feito um acordo para não chamar “políticos” para depor, em razão do pouco tempo que resta para a CPMI. Na quinta, os partidos de oposição divulgaram nota negando tal acordo.

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Os líderes dos partidos de oposição (PSDB, DEM, SDD e PPS) "rechaçam veementemente o suposto acordo anunciado ontem [quarta-feira] pelo relator da CMPI da Petrobrás", deputado Marco Maia. Do mesmo modo, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) classifica como “vergonhosa” a citação de seu nome como partícipe de um acordo para proteger quem quer que seja, e nega qualquer articulação para beneficiar agentes políticos, de acordo com nota assinada pelos líderes dos quatro partidos.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também divulgou nota negando que seu partido tenha feito acordo para evitar que a CPMI investigue determinadas pessoas. “O PSDB não pactua com qualquer tipo de acordo que impeça o avanço das investigações da CPMI da Petrobras. Lutamos pela instalação da CPMI. Temos de ir a fundo na apuração do chamado 'Petrolão' e na responsabilização de todos que cometeram eventuais crimes, independentemente da filiação partidária. Esta é a posição inarredável do PSDB”, diz a nota.

Procurado, o relator da CPMI procurou esclarecer o que disse na quarta e negou que tenha havido acordo para evitar a investigação sobre políticos de oposição ou governo. Segundo ele, o que houve foi um acordo de “procedimento sobre o funcionamento da CPMI até o final”. A comissão deverá entregar e votar o relatório final até 18 de dezembro.

“O que nós acordamos era aquilo que era possível ser realizado de oitivas até o final da CPMI. Não há, em absoluto, nenhum entendimento, nenhum acordo em relação à votação do relatório, nem para inocentar alguém, nem para deixar de investigar aquele político, aquele partido, o que quer que seja”, disse Maia.

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Ele admitiu, no entanto, que os líderes optaram por deixar para a próxima semana a apreciação dos requerimentos que tratam da convocação do empresário Leonardo Meireles, do diretor Renato Duque e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, porque esses eram “nomes polêmicos”. Além disso, Marco Maia reiterou que houve opção pela não convocação de políticos citados na delação premiada do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor Paulo Roberto Costa.

“Alguém me perguntou se políticos seriam chamados, e eu disse que não, porque não há prazo e porque políticos foram citados em delação premiada. Enquanto nós não tivermos acesso à delação premiada, nós não podemos saber como essas pessoas foram citadas, do que elas são efetivamente acusadas”, disse Maia.

Os membros da CPMI da Petrobras se reúnem novamente, na próxima terça-feira (11), e podem votar novos requerimentos para depoimentos ou para quebras de sigilos de empreiteiras citadas pelos delatores como pagadoras de propinas a partidos políticos, por meio de contratos com a companhia.

Agência Brasil
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