Cristina Kirchner felicita Dilma por relatório sobre crimes durante ditadura

11 dez 2014 - 12h56

A presidente argentina, Cristina Kirchner, enviou uma carta à Dilma Rousseff por conta da publicação do relatório da Comissão da Verdade sobre os crimes cometidos durante a ditadura (1964-1985), cujo trabalho receberá distinção nesta quinta-feira na Argentina.

"Não quero deixar passar este dia internacional dos Direitos Humanos para saudar a presidente do querido povo brasileiro, o dia no qual foi revelado o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que valentemente foi instituído há três anos", começa a carta de Cristina, com data de 10 de dezembro.

Publicidade

A Comissão da Verdade do Brasil apresentou nesta quarta-feira seu relatório final sobre as violações de direitos humanos cometidas durante a última ditadura desse país, que imperou entre 1964 e 1985 e deixou 434 mortos e desaparecidos.

Na carta, Cristina destacou o impulso do governo de Dilma para zelar e esclarecer os crimes da ditadura "com a convicção de que a promoção e vigência do Direito à Verdade é um pilar fundamental para seguir consolidando nossas democracias".

Além disso, Cristina lembrou que a Comissão Nacional da Verdade será hoje "humildemente homenageada" na Argentina com o prêmio internacional de direitos humanos Emilio Mignon.

"Que este gesto seja mais um, no longo caminho empreendido para fortalecer a eterna irmandade entre nossos países a partir dos esforços conjuntos, de modo que juntas possamos dizer 'Nunca Mais' às afrontas à democracia que sofreram nossos povos, a partir da violação sistemática aos direitos humanos", desejou a governante argentina em sua carta.

Publicidade

O relatório apresentado ontem no Brasil, em cerimônia liderada pela presidente Dilma -que durante a juventude passou quase três anos presa e sofreu tortura por seus vínculos com um grupo que pegou em armas contra o regime- estabelece que os crimes cometidos pela ditadura foram "sistemáticos" e reaviveu o debate no Brasil pela impunidade amparada aos repressores.

Durante um ato público realizado ontem, a presidente argentina, que assinou a carta "com o afeto de sempre", tinha destacado já a importância do trabalho em defesa da verdade e dos direitos humanos.

Em seu discurso, Cristina ressaltou que "não há democracia inconsciente da verdade", porque "a verdade é um direito ao qual temos como cidadãos".

Em setembro, a Argentina celebrou 30 anos da publicação do relatório "Nunca Mais", que documentou os crimes cometidos durante a última ditadura argentina (1976-1983).

O relatório argentino foi realizado pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep), criada por Raúl Alfonsín (primeiro presidente após o retorno à democracia em 1983) e liderada pelo escritor Ernesto Sábato.

Publicidade

O relatório foi elaborado com dados e denúncias sobre desaparições, sequestros e torturas, recopilados em 8,4 mil páginas sobre as violações do terrorismo de Estado, que deixou cerca de 30 mil desaparecidos na Argentina.

  
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se