“Ele é ladrão, ele é homossexual, ele é tudo daquilo do qual (sic) eu não sou. E é assassino”. A declaração foi feita nesta segunda-feira pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para rechaçar qualquer identificação com o personagem Frank Underwood, o político sem escrúpulos vivido na série norte-americana “House of Cards” pelo ator Kevin Spacey. Este ano, Cunha foi comparado ao parlamentar da ficção por duas publicações americanas: a revista “The Economist” e o jornal “The Washington Post”.
Cunha falou no início da noite com a rádio Jovem Pan em São Paulo. Durante uma hora, o peemedebista conversou sobre as suposições de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), sobre a proposta de redução da maioridade penal dos 18 para os 16 anos e sobre “homossexualidade” – ele, que, evangélico, se diz contrário ao reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a exemplo do ocorrido semanas atrás em decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos. Ele ainda atrelou os 9% de popularidade obtidos por Dilma em pesquisas recentes como percentual daqueles que seriam contrários, hoje, a redução da maioridade para adolescentes que cometem crimes hediondos.
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Indagado se ele se identifica com o personagem da série norte-americana ou se o admira, foi enfático: “Nem um pouco. As caraterísticas dele não combinam comigo. Nenhuma das três – até porque ele é homossexual, ladrão... e assassino”, riu. “No auge do embate [entre ele e o governo] uma determinada publicação a serviço do governo colocou [essa analogia] no intuito de me caracterizar como interesseiro”, refutou.
Sobre a proposta de redução da maioridade – o que ele conseguiu em uma manobra feita menos de 24 horas após o plenário rechaçar a proposta –, Cunha resumiu que só se contrapõem a ela setores da esquerda.
“Uma parte esquerda tem uma agenda que não é a agenda da sociedade – ela está na agenda errada”, definiu, para completar: “Não é à toa que os 9% de popularidade da presidente são os mesmos que apoiam manter a idade penal em 18 anos”.
Cinha ainda minimizou a promessa do “barulhaço” organizado via redes sociais para seu pronunciamento em cadeia nacional, na próxima sexta.
“Eu apoio o movimento de rua que expressa a opinião de parte da população; desde que ordeiro, é legítimo. Pode protestar contra mim, o PT que fique à vontade; vou aplaudir o movimento do PT – eu não concordo é com a violência”, declarou. “Se o protesto for pacífico e ordeiro tem meu total apoio”.
Indagado ao fim da entrevista sobre o crescimento da onda conservadora na Câmara, o presidente da instituição declinou: “Não tem guinada (conservadora). Se 90% da população apoia a redução da maioridade penal, e se estamos na pauta da maioria, se essa maioria é conservadora então é (uma guinada conservadora na Câmara). Usar rótulos implica em discriminação”, eximiu-se.