O comando da Polícia Militar do Distrito Federal, que foi alvo de uma operação nesta sexta-feira, 18, tinha total ciência da gravidade dos atos que estavam sendo planejados para ocorrer em 8 de janeiro. A constatação é da Procuradoria-Geral da República (PGR), que está conduzindo a investigação em colaboração com a Polícia Federal (PF).
De acordo com o relatório da PGR obtido pelo Terra, os procuradores possuem evidências de que a Polícia Militar inseriu agentes de inteligência no meio dos manifestantes com o intuito de obter informações.
"Todos os denunciados souberam antecipadamente dos riscos de atentados aos Poderes da República em 08 de janeiro de 2023", afirma PGR.
Segundo a Procuradoria-Geral, a alta cúpula da corporação deixou de intervir para conter as invasões contra as sedes dos Três Poderes da República devido a uma afinidade ideológica com os manifestantes envolvidos nos atos golpistas.
"Investigações e análises conduzidas pela Procuradoria-Geral da República constataram uma profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da PMDF denunciados, que se mostraram adeptos de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas", diz parte do relatório.
Os documentos e conversas revelados pela PGR contradizem a narrativa apresentada pelos líderes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal, que alegaram que houve uma falha no sistema de inteligência local. Com isso, não houve alerta sobre a possibilidade de invasão dos edifícios dos Três Poderes.
A PM afirmou que sua Corregedoria está acompanhando o desenrolar do caso.