A Polícia Federal estima que 30 mil cidadãos brasileiros foram monitorados de forma ilegal pela Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro. Todos esses dados foram armazenados em Israel. As informações são do diretor-geral da PF, Andrei Passos.
"Esses dados de monitoramento dos cidadãos brasileiros estavam armazenados em nuvens em Israel, porque a empresa responsável por essa ferramenta é israelense. Isso é absolutamente inaceitável", disse Passos.
O software FirstMile, segundo ele, permite o rastreio de dados de GPS com a invasão de aparelhos, para além de monitoramento de antena. "Ou seja, há monitoramento telefônico de sinais que apontam a localização exata que essas pessoas estão", explica. Com o cruzamento dessas informações, por exemplo, os dados mostram quais pessoas monitoradas se encontraram e em quais circunstâncias.
As investigações apontam que as pessoas tidas como alvo da espionagem ilegal foram juízes, políticos e também professores, jornalistas e sindicalistas. "Pessoas que não há justificativa técnica legal para o monitoramento", finaliza Passos.
As declarações foram dadas em entrevista à GloboNews no último dia 4. Já nesta quinta-feira, 25, equipes da Polícia Federal cumprem mandados de busca e apreensão em endereços ligados a suspeitos de participar desse esquema de espionagem ilegal da Abin.
Um dos alvos da operação é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor do órgão no governo Jair Bolsonaro. Ele esteve à frente da Abin no período em que os servidores teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022.
Os nomes dos demais alvos não foram divulgados. Os investigados podem responder pelos seguintes crimes:
- invasão de dispositivo informático alheio;
- organização criminosa; e
- interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.