Daqui a 1 ano, Bonner e Bolsonaro terão esperado cara a cara

Agosto suscita a lembrança do ‘duelo’ ocorrido entre o político e o jornalista e gera expectativa sobre o próximo encontro

2 ago 2021 - 09h16

Foi em 28 de agosto de 2018 que Jair Bolsonaro esteve na casa de seu maior inimigo na mídia. Naquela terça-feira, o então candidato do PSL à Presidência da República foi sabatinado no estúdio do ‘Jornal Nacional’, na sede do jornalismo da Globo, no Jardim Botânico, zona sul do Rio. A edição marcou média de 31.4 pontos de audiência. Nos primeiros seis meses de 2021, o ‘JN’ ficou com média 26.

Bonner ignora as provocações de Bolsonaro (e também as de Lula) para um acerto de contas na bancada do ‘JN’
Bonner ignora as provocações de Bolsonaro (e também as de Lula) para um acerto de contas na bancada do ‘JN’
Foto: Anderson Riedel/Presidência da República e Reprodução/TV (Fotomontagem: Blog Sala de TV)

‘Bolsonaro usa a Globo contra a Globo em entrevista no JN’ foi o título do post deste blog sobre o evento. O deputado federal polemizou ao citar detalhes da vida privada de Bonner, contestar o salário menor de Renata Vasconcellos em relação ao do colega de bancada, repetir o apoio declarado de Roberto Marinho à ditadura e acusar a emissora de viver às custas de “bilhões de recursos da propaganda oficial do governo”.

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Nesses 3 anos, o clima de animosidade entre o presidente e o âncora aumentou muito. Revoltado com a cobertura jornalística de seu governo, Bolsonaro disparou inúmeros xingamentos, deboches e acusações contra Bonner. Diante das câmeras, o jornalista manteve a postura diplomática. O máximo a que se permitiu foram caretas irônicas, expressões de desaprovação e desmentidos cuidadosos.

Em mais de uma ocasião, o presidente desafiou o apresentador do ‘Jornal Nacional’ a um debate ao vivo olho no olho. Não teve resposta. Quem mais perde é o telespectador. O embate seria interessante e elucidativo de se assistir. O reencontro – tão esperado quanto temido – pode acontecer daqui a 1 ano, data provável da série de entrevistas com presidenciáveis no principal telejornal da Globo. Jair Bolsonaro se movimenta desde já pela reeleição.

Quem também aguarda ansiosamente por tal oportunidade é Lula, candidato do PT ao Palácio do Planalto. Assim como o adversário da direita, o líder dos esquerdistas vê Bonner como um alvo a ser combatido. O ex-presidente responsabiliza o jornalismo da Globo – e especialmente matérias desfavoráveis a ele no ‘JN’ – por suas condenações na Operação Lava Jato e a prisão de 580 dias após sentenças do então juiz Sergio Moro (outro eventual postulante à Presidência), anuladas pelo Supremo Tribunal Federal.

Esse ambiente de ódio e busca por reparação (ou vingança) faz bem ao telejornalismo? Sim e não. De um lado, serve como combustível para o noticiário e as discussões sobre política e a atuação jornalística sob os princípios de isenção, imparcialidade e ética. Na outra ponta, essa toxicidade contamina o debate e transforma jornalistas em jogadores no tabuleiro eleitoral. Pelas amostras, a cobertura da eleição presidencial de outubro de 2022 deve ser a mais tensa de todos os tempos. Na prática, a campanha já começou e a imprensa sinaliza euforia com essa antecipação.

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