Sessenta e três por cento dos brasileiros apoiam que o Congresso abra um julgamento político visando o impeachment da presidente Dilma Rousseff, segundo uma pesquisa divulgada neste sábado pelo Datafolha e que também mostrou que o índice de popularidade da governante parou de cair, mas continua em mínimos históricos.
De acordo com a pesquisa, enquanto 63% aprovam a possibilidade de que a presidente seja submetida ao julgamento político, 33% se opõe a essa possibilidade e 4% se absteve de responder ou não soube fazê-lo.
Os 2.834 eleitores de 171 municípios entrevistados pelo Datafolha entre quinta-feira e sexta-feira desta semana se pronunciaram contra a governante ao serem questionados sobre se consideram que "o Congresso deve abrir um processo político para destituir a presidente considerando tudo o que se conhece até agora do escândalo em Petrobras?".
Segundo o Datafolha, 57% dos interrogados considera que Dilma sabia dos desvios e não fez nada para evitá-los, 26% acreditam que a governante conhecia o problema, mas não podia fazer nada para evitá-lo e apenas 12% consideram que a chefe de Estado desconhecia o ocorrido na Petrobras.
Apesar do desejo de que o Congresso abra um processo de impeachment, 64% dos indagados acredita que Dilma não será destituída contra 29% que acredita nessa possibilidade.
O Datafolha divulgou sua nova pesquisa às vésperas dos protestos contra o governo e a corrupção convocados pelas redes sociais em dezenas de cidades brasileiras pelos mesmos grupos que se dizem independentes dos partidos e que mobilizaram cerca de dois milhões de manifestantes no dia 15 de março passado.
De acordo com a pesquisa, 75% dos brasileiros apoiam esses protestos contra o governo contra 19% que os desaprovam e 5% que se dizem indiferentes.
O descontentamento com a situação fez com que pela primeira vez os brasileiros qualificassem a corrupção como um dos problemas mais graves do país.
Enquanto em janeiro passado, no começo do segundo mandato de quatro anos de Dilma, 31% consideravam a saúde como o principal problema do país, 16% a segurança e 12% a educação, esta semana os qualificados como maiores problemas foram saúde (23%), corrupção (22%) e educação (10%).
Por outro lado, a pesquisa mostrou que o índice de aprovação de Dilma estacionou em 13%, seu pior nível desde que assumiu a presidência pela primeira vez, em janeiro de 2011.
Enquanto 13% dos indagados classificaram positivamente seu governo, a mesma porcentagem que há mês, 60% o desaprovam, abaixo de 62% de rejeição medido em março.
O índice de aprovação de Dilma é o menor para um presidente brasileiro desde o fim da ditadura (1985) com exceção dos 9% que tinha Fernando Collor em 1992, quando o Congresso abriu um processo de impeachment contra ele, que terminou com sua renúncia ao mandato.
Dilma completou na sexta-feira os primeiros cem dias de seu segundo mandato não só com sua popularidade em mínimos históricos mas também acossada pelos escândalos de corrupção, pressionada por suas disputas com o Congresso e contra a parede por causa da situação econômica do país.
O descontentamento com o Governo, segundo analistas, também foi gerado pela deterioração da economia, que só cresceu 0,1% no ano passado e pode sofrer uma contração de 1% este ano, segundo as últimas previsões dos economistas.
O governo anunciou um profundo ajuste fiscal, com a redução de incentivos fiscais e o corte de gastos, para enfrentar essa conjuntura negativa, agravada por alta da inflação anualizada a seu maior nível em dez anos, escalada do dólar a seu maior valor em uma década, aumento do desemprego e déficit recorde nas contas públicas no ano passado.