A tentativa do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró de transferir bens para seus filhos não é ilegal, disse nesta quarta seu advogado, Edson Ribeiro. Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, foi denunciado por corrupção na estatal e foi preso de madrugada pela Polícia Federal, ao voltar de uma viagem de Londres.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a prisão preventiva foi cumprida porque havia indícios de que ele continuava a praticar crimes e a transferir bens a seus familiares. Ainda de acordo com o MPF, o executivo tentou transferir R$ 500 mil para sua filha, além de imóveis adquiridos com recursos de origem duvidosa, a preços abaixo do mercado. “Não houve crime. Quando ele fez essa transferência do patrimônio para os filhos, não existia nenhuma restrição administrativa ou judicial”, disse o advogado.
De acordo com Ribeiro, a prisão de seu cliente causou estranheza. “Desde 10 de abril, coloquei o Nestor Cerveró à disposição tanto do Ministério Público quanto da Justiça Federal e nenhum dos dois órgãos se interessou por ouvi-lo. Até ontem, ninguém o havia procurado. Além disso, quando ele foi para a Inglaterra, eu comuniquei ao Ministério Público e à Polícia Federal que ele estava viajando e que voltaria em janeiro. Deixei, inclusive, o endereço onde ele estava”, disse.
O advogado disse que Cerveró deveria receber, na próxima sexta-feira (16), uma citação para depor como testemunha, ao Ministério Público. “Ele já tinha marcado um depoimento junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro para falar sobre o vazamento de informações da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras. Então, não dá para entender o motivo dessa prisão preventiva”.
Ribeiro disse que deve ir ainda nesta quarta-feira à Curitiba, para onde Cerveró foi levado, para “entender a motivação” do mandado de prisão preventiva. “Em seguida, vou à Porto Alegre (ao Tribunal Regional Federal) tentar um habeas corpus”, disse.