Defesa de mulher que pichou estátua vê com preocupação julgamento 'sob violenta emoção' dito por Fux

Defesa de Débora Rodrigues dos Santos diz que declaração do ministro do STF atesta que condenados pelo 8 de Janeiro estão sendo submetidos por julgamentos 'políticos e emocionais'

26 mar 2025 - 19h24
(atualizado em 27/3/2025 às 18h45)

BRASÍLIA - A defesa da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos manifestou preocupação com a declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux nesta quarta-feira, 26, sobre as sentenças aos condenados pelo 8 de Janeiro. No julgamento que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados dele réus por tentativa de golpe de Estado, o magistrado afirmou que a Corte já julgou os vândalos com "violenta emoção" e aplicou "penas exacerbadas".

Débora já tem dois votos para ser condenada a 14 anos de prisão por cinco crimes referentes ao episódio. A mulher ficou conhecida por pichar com batom a estátua "A Justiça", localizada na frente do Supremo Tribunal Federal (STF), com a frase "Perdeu, mané".

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Em nota, os advogados Hélio Júnior e Tanieli Telles, que representam Débora, afirmam que a defesa viu com "preocupação" a declaração de Fux porque a Constituição assegura que "todo julgamento deve ser conduzido de forma imparcial, isenta e dentro dos estritos limites da legalidade".

"Quando um ministro do STF reconhece publicamente que sentenças foram proferidas sob emoção e que algumas penas podem ter sido exacerbadas, fica evidente que houve um afastamento dos princípios fundamentais do devido processo legal e da individualização da pena", afirmou os advogados da cabeleireira.

Em seguida, Fux citou a "violenta emoção" que provocou a manifestação da defesa de Débora: "Nós julgamos sob violenta emoção após a verificação da tragédia do 8 de Janeiro. Eu fui ao meu ex-gabinete, que a ministra Rosa (Weber) era minha vice-presidente, e vi mesa queimada, papéis queimados. Mas eu acho que os juízes na sua vida têm sempre de refletir dos erros e dos acertos".

Débora tem 39 anos e é acusada de ter praticado os crimes: associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

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Em depoimento para a Polícia Federal (PF), ela confirmou que vandalizou a escultura com batom vermelho. Débora também leu uma carta destinada a Moraes, pedindo desculpas por sua atitude. A mulher afirmou ainda que desconhecia, à época, a importância da escultura e que outra pessoa começou a escrever na obra, mas pediu que a cabeleireira continuasse porque sua letra era mais bonita.

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