A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou a presença do político na Embaixada da Hungria quatro dias após a Polícia Federal deflagrar uma operação que confiscou seu passaporte. Em nota divulgada à imprensa, os advogados do ex-presidente disseram que Bolsonaro ficou hospedado "a convite" e, no período, conversou com autoridades da Hungria "atualizando os cenários político das duas nações".
"Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news", assinalaram os advogados Paulo da Cunha Bueno, Daniel Tesser e Fábio Wajngarten.
No entanto, a casa de Bolsonaro no Jardim Botânico, em Brasília, fica a 12 quilômetros da embaixada húngara. A distância pode ser percorrida de carro em 16 minutos, segundo estimativa do Google.
Conforme revelou o jornal The New York Times, Bolsonaro ficou hospedado na embaixada húngara entre os dias 12 e 14 de fevereiro.
No dia 8 de fevereiro, Bolsonaro havia sido alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), que investiga a tentativa de um golpe de Estado orquestrada por integrantes do governo Bolsonaro. A organização criminosa, segundo as investigações, buscava evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o jornal norte-americano, a estadia de Bolsonaro na embaixada da Hungira sugere que o ex-presidente estava tentando "alavancar a sua amizade" com o primeiro-ministro Viktor Orbán, que é um político da extrema-direita do país europeu. A estratégia seria tentar escapar de punições da Justiça brasileira, ainda segundo o NYT. A reportagem, contudo, não chega a detalhar algum plano concreto de fuga de Bolsonaro.
No dia da operação, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, defendeu o aliado publicamente. "Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente", escreveu no X (antigo Twitter).
O Estadão procurou a Embaixada da Hungria, mas não obteve retorno.