Delação revela propinas de US$ 150 mi para Lula e Dilma

19 mai 2017 - 16h28
(atualizado às 16h51)

Diretores do grupo JBS revelaram em delações premiadas que pagaram US$ 80 milhões em propinas, em valores somados, às campanhas eleitorais dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, segundo documentos divulgados nesta sexta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula e Dilma, que já respondem na Justiça por outros processos no âmbito da operação Lava Jato, foram acusados nas delações da JBS de terem facilitado à empresa o acesso a créditos multimilionários do BNDES em troca de propinas pagas desde 2005.
Lula e Dilma, que já respondem na Justiça por outros processos no âmbito da operação Lava Jato, foram acusados nas delações da JBS de terem facilitado à empresa o acesso a créditos multimilionários do BNDES em troca de propinas pagas desde 2005.
Foto: Getty Images

Lula e Dilma, que já respondem na Justiça por outros processos no âmbito da operação Lava Jato, foram acusados nas delações da JBS de terem facilitado à empresa o acesso a créditos multimilionários do BNDES em troca de propinas pagas desde 2005.

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Segundo essas delações, o intermediário das negociações era Guido Mantega, que foi ministro da Fazenda nos governos de ambos e que também foi acusado de exercer o mesmo papel pela Odebrecht, beneficiária de contratos com a Petrobras.

De acordo com os documentos revelados pelo Supremo, um dos donos da JBS, Joesley Batista, e Ricardo Saud, ex-diretor de Relações Institucionais do grupo, disseram que as propinas pactuadas com Mantega desde 2005 chegaram a US$ 80 milhões, sendo US$ 50 milhões em "vantagens indevidas" para Lula e US$ 30 milhões para serem usados na campanha de Dilma à presidência em 2010. Os valores foram depositados em diversas contas bancárias abertas no exterior.

Em troca, a JBS se beneficiava de créditos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é investigado por supostas irregularidades relacionadas com o escândalo de corrupção descoberto há três anos na Petrobras.

Segundo os documentos divulgados hoje, Joesley explicou que havia "semelhanças" entre sua forma de operar com o BNDES e as práticas na Petrobras pelas quais empresas privadas obtinham contratos de obras públicas em troca de volumosas propinas a políticos e ex-diretores da estatal.

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Em um dos trechos da delação, que tem mais de 2 mil páginas, Joesley disse à Justiça que várias vezes perguntou a Mantega se Lula e Dilma estavam a par de todas as negociações e que o ex-ministro sempre confirmou que sim.

Estas novas revelações podem complicar ainda mais a situação jurídica de Lula, que já responde como réu em cinco processos penais vinculados, em sua maioria, a fatos de corrupção associados ao escândalo na Petrobras.

Dilma, por sua vez, é alvo de um processo penal por supostas tentativas de impedir a ação da Justiça em casos relacionados com a mesma trama de corrupção na estatal.

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