O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira que o delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo foi obrigado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a mentir. Em depoimento à Justiça, Camargo afirmou que Cunha pediu US$ 5 milhões de propina referentes a contratos com navios-sonda da Petrobras.
“O delator foi obrigado a mentir”, disse Cunha. Questionado por jornalistas sobre quem seria o autor da coação, o peemedebista foi direto: “o procurador-geral”.
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Cunha disse ainda que é “muito estranho” que a delação de Camargo tenha vindo a público na véspera de seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV e insinuou que o caso seria uma estratégia do Palácio do Planalto para desviar o foco da presidente Dilma Rousseff (PT) em um momento de crise em que se discute impeachment.
“Há um objetivo claro de constranger o Poder Legislativo, que pode ter o Poder Executivo por trás, com articulação do procurador-geral da República”, disse. “Já gravei um pronunciamento em rede de televisão para falar do que a Câmara está fazendo. No momento em que você tem um aprofundamento de uma discussão de impeachment, de repente querer constranger o Poder Legislativo. Eu acho isso um absurdo e não vou aceitar ser constrangido”, continuou.
Mesmo diante das acusações, Cunha afirmou que não vai alterar o conteúdo de seu pronunciamento, que será transmitido nesta sexta-feira, das 20h25 às 20h30. “Não vou fazê-lo porque eu estou me pronunciando como presidente da Câmara, sobre as atividades da Câmara. Eu não estou me pronunciando para fazer defesa de fatos pessoais”, disse.
Quanto ao conteúdo da delação de Camargo, Cunha disse que se trata de “ilação” e “mentira”. “A mim não vão fragilizar. Eu estou absolutamente tranquilo, a mim não vão fragilizar”, avisou.