Delator: PT recebeu até US$ 200 mi em propina; partido nega

Ex-gerente da Petrobras, José Barusco Filho prestou depoimento em um acordo de delação premiada

5 fev 2015 - 15h09
(atualizado às 19h14)

O ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho estimou, em depoimento de delação premiada, que o Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu até US$ 200 milhões em propina relacionados a 90 contratos da Petrobras entre 2003 e 2013. Segundo o delator, o tesoureiro João Vaccari Neto foi quem recebeu o percentual em nome do partido.

“Considerando o valor que o declarante (Barusco) recebeu a título de propina, que foi de aproximadamente US$ 50 milhões, estima que foi pago o valor aproximado de US$ 150 a US$ 200 milhões de dólares ao Partido dos Trabalhadores, com a participação de João Vaccari Neto”, diz o relatório do depoimento prestado no dia 21 de novembro do ano passado, mas que foi divulgado nesta quinta-feira.

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No depoimento, o ex-gerente diz que 2% dos contratos firmados com a diretoria de Serviços, controlada por Renato Duque, 1% era destinado ao PT, enquanto o outro percentual ficava para a “Casa”, representada pelo diretor e por Barusco.

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O declarante contou aos investigadores que, quando era gerente de Tecnologias e Instalações da Petrobras, começou a receber propina em 1997 e 1998 da empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora de plataformas. A propina se tornou mais sistemática em 2000, quando passou a ganhar valores mensais e proporcionais aos contratos.

Segundo o depoimento, tanto ele quanto Renato Duque continuaram a receber os pagamentos ilegais até fevereiro de 2014, quando Barusco deixou o cargo de gerente.

Citado pelo ex-gerente, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi levado para prestar depoimento nesta quinta-feira, na nona fase da Operação Lava Jato. 

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Outro lado

Em nota, a defesa de João Vaccari Neto destacou que "o PT não tem caixa dois, nem conta no exterior, que não recebe contribuições legais ao partido, em absoluta conformidade com a lei sempre prestando as respectivas contas às autoridades competentes". 

O documento informa ainda que Vaccari permanece à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, assim como já vem comparecendo e prestando todas as informações solicitadas, colaborando com as investigações da Operação Lava Jato.

A assessoria de imprensa do PT, por sua vez, reiterou que o partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral. 

"As novas declarações de um ex-gerente da Petrobras, divulgadas hoje, seguem a mesma linha de outras feitas em processos de “delação premiada” e que têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito. Os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT".

Fonte: Terra
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