O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) começou nesta quinta-feira a apressar o processo de formalização do bloco de partidos que apoiam sua candidatura a presidente da Câmara dos Deputados e disse que não vai desistir da disputa. O pessebista acertou com o PSDB, PPS e PV para que iniciem a coleta de assinaturas de parlamentares para evitar rumores de desembarque de abandono dos aliados.
“Isso é para acabar com qualquer especulação de desembarque e abandono. (...) E para que nenhum dos concorrentes fiquem assediando os deputados”, disse o deputado, depois de receber uma manifestação de apoio dos líderes Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e Rubens Bueno (PPS-PR). Questionado se poderia desistir, respondeu: "Não tem essa palavra no meu vocabulário".
Formalmente, o bloco só é registrado no domingo, antes da disputa à Presidência da Câmara, mas Delgado começará a coletar o apoio dos aliados que se reelegeram amanhã. Ficarão pendentes para o dia da eleição as assinaturas dos novos deputados, que tomarão posse no domingo.
Delgado, que se coloca como uma corrente oposicionista na disputa, enfrenta um assédio da candidatura do favorito Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os peemedebistas tentam atrair deputados tucanos e ainda sonham com o apoio formal do partido, que tem a terceira maior bancada da Casa com 54 deputados eleitos. A entrada do PSDB na candidatura poderia levar a uma vitória no primeiro turno.
Lideranças tucanas evitam, no entanto, falar sobre dissidências. O PSB apoiou o candidato Aécio Neves (PSDB) nas eleições presidenciais do ano passado e compôs a chapa vitoriosa nas eleições estaduais de São Paulo. Mas foi o próprio vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que causou desconforto ao comentar ao dizer que o colega de partido poderia enfrentar “surpresas”.
O líder tucano, Antônio Imbassahy, reforçou o apoio justificando a importância de formar um bloco oposicionista na Casa, sem se preocupar com posições oferecidas pelo PMDB. O partido de Eduardo Cunha acredita que o PSDB poderia ficar com a primeira-vice-presidência.
“O PSDB é um partido que protagoniza a vida nacional. Não vai ser um cargo aqui ou acolá que vai mudar isso. Temos que falar para o País”, disse. “Queremos uma Câmara que possa ter autonomia e não se submeta a caprichos do Executivo”, defendeu.
Nos bastidores, peemedebistas falam em ter pelo menos 320 votos, suficientes para levar a disputa no primeiro turno. Dizem ter apoio de deputados da oposição e de partidos que também negociam com Chinaglia, como PP e PR. O PRB, que elegeu 21 deputados, havia fechado com Cunha, mas também tem participado de reuniões com articuladores da candidatura do PT.
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), vê com cautela as contas e acredita que as adesões devem mudar na reta final. “O sentimento é de um processo muito grande de crescimento na candidatura do Arlindo. Eu estou otimista, temos que ter respeito, mas a sensação é essa”, disse.