Deltan diz que soa como 'perseguição' decisão do corregedor do CNJ que afastou Gabriela Hardt

Ex-coordenador da força-tarefa de Curitiba afirma que argumentos do ministro Luís Felipe Salomão são ‘débeis, ridículos’

15 abr 2024 - 19h11
(atualizado às 22h54)
Deltan Dallagnol critica decisão que afastou juíza Gabriela Hardt da magistratura por suspeita de irregularidades na condução de processos da Lava Jato
Deltan Dallagnol critica decisão que afastou juíza Gabriela Hardt da magistratura por suspeita de irregularidades na condução de processos da Lava Jato
Foto: Felipe Rau/Estadão

O ex-procurador Deltan Dallagnol, que foi coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, reagiu nesta segunda-feira, 15, ao afastamento da juíza Gabriela Hardt e de dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4). Ele afirmou que a decisão é "frágil" e soa como "perseguição".

"O que o CNJ está fazendo é perseguir politicamente juízes e servidores públicos que corajosamente combateram a corrupção e incutir medo em todos aqueles que tiverem à sua frente casos em que o cumprimento do dever legal contrarie os interesses dos poderosos", diz a manifestação.

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O afastamento foi determinado pelo ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza e administra o Poder Judiciário, depois que uma fiscalização concluiu que houve irregularidades na gestão das multas dos acordos de delação e de leniência fechados na Lava Jato.

O ministro justificou que a investigação administrativa revelou que, no período em que conduziu os processos da Operação Lava Jato, a juíza Gabriela Hardt conversou por mensagem com procuradores da força-tarefa sobre os termos do acordo que destinaria recursos da Petrobras para a criação de uma fundação privada.

"Este concerto, ao que tudo indica, fazia parte da estrate´gia montada para que os recursos biliona´rios obtidos a partir do combate a corrupc¸a~o (acordos de colaborac¸a~o, lenie^ncia, apreensa~o de bens e cooperac¸o~es internacionais), fossem desviados para proveito da fundac¸a~o privada que estava sendo criada", diz um trecho da decisão.

Na época, a proposta gerou pesadas críticas à Lava Jato e a força-tarefa desistiu da iniciativa. O Supremo Tribunal Federal (STF) também interveio e determinou que o dinheiro fosse destinado a investimentos em educação e meio ambiente.

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Em nota, Deltan Dallagnol afirmou que o CNJ não tem competência para avaliar o mérito das decisões dos juízes e defende que o afastamento dos magistrados não poderia ter sido determinado, monocraticamente, pelo corregedor nacional. O plenário do Conselho Nacional de Justiça deve decidir nesta terça, 16, se mantém ou não a decisão.

"É inacreditável que o corregedor nacional de justiça tome uma decisão tão grave como o afastamento cautelar de uma magistrada, com base em argumentos tão débeis, frágeis e ridículos, trazendo à tona a hipótese de que as punições desproporcionais, sem fundamentação e sem provas reais de irregularidades graves contra juízes e desembargadores que atuaram na operação Lava Jato ocorram unicamente por motivação política, a fim de agradar um presidente da República que foi condenado e preso pela Lava Jato e que já manifestou publicamente o desejo de se vingar dos agentes da operação", afirma Deltan.

Em relação aos desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Lenz Loraci Flores de Lima e ao juiz Danilo Pereira Júnior, o corregedor do CNJ apontou que houve o descumprimento deliberado de decisões do Supremo Tribunal Federal. Foi o ministro Dias Toffoli, do STF, quem pediu a abertura do procedimento disciplinar sobre a conduta dos magistrados do Paraná.

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