Quando o PRB oficializou nesta quarta-feira (16) que deixaria a base aliada do governo Dilma Rousseff, o PT não imaginou que poderia estar prestes a presenciar uma debandada dos seus aliados. Mesmo sem a confirmação do movimento, PP e PSD também estariam acenando para uma saída do governo nas próximas semanas.
O PMDB, principal partido do país e principal aliado do governo petista, pode decidir sobre permanência na base aliada ainda em março.
Em entrevista a O Financista, o deputado Hugo Motta, do PMDB, admitiu que o partido avalia antecipar a definição sobre a permanência no governo para o dia 29 de março.
“A relação já estava desgastada. Os recentes escândalos só fizeram o panorama piorar ainda mais”, explicou Motta, acrescentando que a ausência de líderes peemedebistas na nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve como objetivo marcar essas diferenças.
Ele disse ainda que a falta de líderes como o vice-presidente, Michel Temer, foi uma maneira de punir o deputado Mauro Lopes que se tornou ministro de Estado Chefe Secretaria de Aviação Civil, “desrespeitando a instância partidária definida na última convenção nacional”.
Sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Motta explicou que as chances da petista cair são cada vez maiores.
Da mesma maneira, o deputado federal Jerônimo Goergen, do PP, disse que a maioria da bancada da legenda se opõe ao governo. Ele está mobilizando os deputados federais e senadores do partido no recolhimento de assinaturas em ofício solicitando que uma reunião de emergência seja convocada pela sigla. A pauta do encontro giraria em torno da entrega dos cargos e de uma eventual saída do PP da base do governo.
No total, já foram recolhidas 18 assinaturas de deputados federais e quatro de senadores, de 46 deputados federais no exercício do mandato e seis senadores.
“Sempre fui oposição. Há duas semanas formalizei que gostaria quer o PP saísse da base aliada. Coletei assinaturas para ver se a bancada prefere ficar ou sair. Estou surpreso porque em pouco tempo conseguimos 1/3 do apoio dos parlamentares do partido. Aguardamos a convocação para sairmos do governo e votarmos pela saída da presidente Dilma”.
O noticiário negativo em tono do governo Dilma Rousseff também fez com o PSD intensificasse as discussões sobre possível desembarque do governo.
O líder do PSD na Câmara, o deputado Rogério Rosso elevou o tom a favor do rompimento oficial com o governo petista. Ele classificou como gravíssima as gravações da conversa telefônica entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aumentaram as suspeitas de que Lula só tenha sido nomeado para a Casa Civil para que ele passasse a ter foro privilegiado.
Na quarta-feira, o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, anunciou que a sigla desembarcará do governo e que colocará o Ministério do Esporte, atualmente ocupado por George Hilton (PRB), à disposição da presidente. A saída do governo foi aprovada por unanimidade entre os parlamentares do partido.
"Decidimos sair por conta da crise política mesmo e da falta de condições de sustentar defesa do governo diante das bases. Nossos parlamentares não aguentavam mais ser hostilizados por apoiar esse governo", lamentou Pereira.