Ex-aliada do governo, a deputada federal Dayane Pimentel (PSL-BA) entrou nesta terça-feira, 14, com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra o também deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pedindo que ele responda a um processo administrativo por publicações contra ela nas redes sociais. A parlamentar diz que está sendo 'ameaçada' e 'perseguida' pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Desde que a sra. Dayane Pimentel deixou de apoiar o governo do Presidente Jair Bolsonaro, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro, ora Representado, vem perseguindo a Representante, de forma a intimidá-la e temer pela sua integridade física e moral, máxime diante de tanta violência que se encontra lamentavelmente no cenário político hodierno", diz um trecho da representação.
Dayane imputa ao deputado quebra de decoro parlamentar por violação ao trecho do Código de Ética da Câmara que prevê como dever fundamental dos deputados "tratar com respeito e independência os colegas". Ela também afirma que Eduardo Bolsonaro cometeu os crimes de stalking (perseguição) e dano emocional à mulher, incluídos recentemente no Código Penal.
"A deputada federal se sente extremamente ameaçada e assustada, pois, repise-se à exaustão, um deputado que correntemente incita o ódio na política brasileira, com forte influência perante os seus seguidores - que, diga-se, são milhões -, o persegue nas redes sociais, transbordando, pois, aos limites concedidos pelas prerrogativas parlamentares ou liberdade de expressão", segue a parlamentar.
A representação foi enviada depois que Eduardo Bolsonaro chamou a deputada de "traidora nível hard" por participar da manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo, 19, que pedia o impeachment do presidente. Ele também compartilhou uma foto da parlamentar com um alvo no rosto.
Com a repercussão da publicação, a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados divulgou uma nota de repúdio ao comentário.
"Lamentamos a postura recorrente de Eduardo Bolsonaro por meio de atos de violência política de gênero em redes sociais, incompatíveis com o mandato parlamentar e por se constituírem em verdadeiro atentado à Constituição brasileira", diz o texto.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO EDUARDO BOLSONARO
A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestação.