Deputados criticam Cunha e citam "votações irresponsáveis"

Júlio Delgado chegou a classificar Cunha como um “déspota”; Erundina acredita que “há um clima de autoritarismo” na Câmara

16 jul 2015 - 17h31
Eduardo Cunha disse que o PMDB não aguenta mais o compromisso firmado com o partido do governo
Eduardo Cunha disse que o PMDB não aguenta mais o compromisso firmado com o partido do governo
Foto: Agência Brasil

As declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no balanço sobre os primeiros seis meses de trabalho neste ano provocou reações instantâneas de parlamentares. Eles se reuniram no Salão Verde da Casa para fazer críticas à gestão do peemedebista e demonstrar insatisfação com os resultados apresentados.

O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) disse ter ficado surpreso com a preocupação do PMDB com as eleições de 2018. Nomes de destaque no partido de Cunha anunciaram que não vão manter a aliança com o PT no próximo pleito eleitoral.

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“A principal preocupação é com eleições, em vez de garantir o mínimo de estabilidade ao governo. Estão se comportando como ponto de desestabilização do governo”, avaliou o parlamentar.

Hoje (16), Eduardo Cunha disse que o PMDB não aguenta mais o compromisso firmado com o partido do governo, mas vai continuar ao lado da presidente Dilma Rousseff até o final do segundo mandato, para garantir a governabilidade do país.

Uma das reclamações do peemedebista que comanda a Câmara desde fevereiro é que, apesar da aliança, o PMDB não manda sequer nos ministérios que ocupa, ficando apenas com o ônus no acordo com o PT.

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Para Molon, o que ocorre é o contrário. O PMDB quer apenas os bônus em vez de apoiar o governo. Ele criticou também a gestão da Câmara. Segundo ele, a sensação de que o Parlamento está fortalecido é um engano e a Câmara concluiu “votações irresponsáveis” no primeiro semestre.

Pelo balanço da presidência da Câmara, neste período, foram aprovadas 90 matérias entre projetos de lei, propostas de emenda à Constituição, medidas provisórias, projetos de decreto legislativo, projetos de lei complementar e projetos de resolução.

Entre os textos estão as medidas de ajuste fiscal defendidas pelo governo, a regulamentação da terceirização de mão de obra e as propostas de reforma política e redução da maioridade penal, que precisam ser concluídas em votação em segundo turno, antes de serem enviadas ao Senado.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) admitiu, como Cunha, que nunca se votou tanto, mas alertou que nunca se votou tão atropelado. “Nunca se desrespeitou tanto as comissões especiais. A Câmara está sob suspeita”, avaliou.

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Segundo ele, quando uma matéria desagrada o bloco de Cunha, ela é votada novamente na Casa, fazendo referência a sessões como as que aprovaram o projeto da terceirização e da redução da maioridade penal.

Júlio Delgado (PSB-MG) chegou a classificar Cunha como um “déspota” e a deputada Luiz Erundina (PSB-SP) acredita que “há um clima de autoritarismo” na Câmara.

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