BRASÍLIA - Nove deputados federais que foram eleitos prefeitos nas eleições municipais deste ano gastaram, no total, R$ 831,8 mil de cota de publicidade paga com recursos da Câmara dos Deputados. Os parlamentares buscaram reforçar a imagem com o eleitorado desde o início do ano.
Ao Estadão, Hélio Leite afirmou que o contrato de R$ 8 mil foi firmado para divulgar a atividade parlamentar em uma "rádio de longo alcance". O parlamentar também afirmou que a publicidade foi necessária devido a emendas que permanecem ativas.
"No período de janeiro e maio, o deputado estava em plena atividade parlamentar, então utilizando as ferramentas parlamentares normais a respeito das divulgações. O deputado tem emendas que estão em atividade e outras em fase de conclusão na cidade, necessitando a divulgação regular e permitida para a época em estações de rádio", disse Leite em nota.
O deputado Alberto Mourão (MDB-SP), eleito prefeito de Praia Grande (SP), afirmou que a cota de publicidade gasta neste ano foi utilizada para divulgar emendas e projetos de lei. "A partir desta crescente de trabalho foi se fazendo necessário levar a mensagem da atuação para o público-alvo, o que é legítimo e transparente", afirmou.
Naumi Amorim (PSD-CE), que é suplente de deputado federal, ocupou uma cadeira na Câmara em março deste ano e foi eleito prefeito de Caucaia (CE). Ao Estadão, a assessoria dele disse que o parlamentar não utilizou a verba para impulsionamento para fins eleitorais e que o período em que esteve na Casa "antecedeu muito" o início da campanha
"Impulsionamento de campanha eleitoral é no período eleitoral. Ele não utilizou para a campanha, visto que ele assumiu a cadeira no Congresso em março desse ano. Tempo que antecedeu muito o início de campanha dele em Caucaia", disse o deputado.
Único deputado eleito pelo PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Washington Quaquá (PT-RJ), escolhido para ser prefeito de Maricá (RJ), contratou, em outubro do ano passado, uma segunda empresa responsável pela movimentação das redes sociais dele. Antes, o valor mensal da cota de publicidade gasto pelo petista era de R$ 15,7 mil. O valor subiu para R$ 21,7 mil.
Ao Estadão, Quaquá afirmou que não utilizou o recurso para reforçar a imagem dele para o pleito no Rio. "Eu usei da Câmara o dinheiro disponível para o mandato. Não preciso de dinheiro de Câmara para campanha", afirmou.
No último mês em que os deputados candidatos podiam utilizar a verba de publicidade, o deputado federal Abílio Brunini (PL-MT) - eleito prefeito de Cuiabá (MT) - gastou R$ 10.357,13, mais do que nos quatro meses anteriores. O recurso foi utilizado para divulgar temas de interesse do deputado, como um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na convenção em que o parlamentar foi lançado como candidato ao comando da capital mato-grossense. O Estadão procurou Abílio Brunini, mas não obteve retorno.
Já o deputado Gerlen Diniz (PP-AC) gastou R$ 115.500 com publicidade neste ano. Ele foi eleito prefeito de Sena Madureira, no Acre. Procurado, não respondeu à reportagem.
Além dos nove deputados citados, outros dois deputados foram eleitos neste ano: Carmen Zanotto (Cidadania-SC), eleita em Lages (SC), e Márcio Correa (PL-GO), que venceu o pleito em Anápolis (GO). Os parlamentares não exerceram mandato entre janeiro e maio deste ano, portanto, não tiveram o direito de usar a verba de publicidade.
O único senador eleito no pleito deste ano foi Rodrigo Cunha (União-AL), que vai ser o vice-prefeito de Maceió (AL) a partir de janeiro do ano que vem. Neste ano, ele gastou R$ 13 mil em cota de publicidade. O valor foi gasto com agências de publicidade e produção de materiais gráficos. Ao Estadão, a assessoria do parlamentar disse que ele é "extremamente conhecido" na capital alagoana e não fez uso da verba com fins eleitorais.
Quatro deputados gastaram mais com publicidade em comparação com 2023
Cinco deputados que foram eleitos neste ano gastaram mais com a publicidade em comparação com o ano passado. Apenas Paulinho Freire, que venceu em Natal, manteve o mesmo padrão de gastos de 2023.
O levantamento feito pelo Estadão considerou o período entre fevereiro e maio dos dois anos, tendo em vista que a legislatura atual da Câmara começou no segundo mês de 2023. Abílio Brunini teve o maior crescimento de despesas com publicidade - 124,9% de aumento. Já o deputado Gerlen Diniz registrou aumento de 107,7%; Alberto Mourão, 103,6%; Washington Quaquá, 100,2%; e Dr. Benjamin, 44,3%.
Ao Estadão, o deputado Alberto Mourão disse que a comparação é "indevida". Segundo ele, no início de 2023, havia tomado posse e não tinha ações legislativas para divulgar. "A partir do momento que foi construindo um trabalho dentro da Casa de Leis, apresentando projetos, requerimentos, posicionamento em audiências e votações, começou então a divulgar com mais frequência e intensidade", afirmou Mourão.
Hélio Leite e Naumi Amorim, que são suplentes de deputados, não ocuparam uma cadeira na Câmara entre fevereiro e maio do ano passado e, por isso, não foram incluídos no levantamento.