Membros da recém-criada Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, lançada nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados, afirmaram que vão entrar com uma representação contra o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP), pelo vídeo postado na internet e replicado pela conta do parlamentar no Twitter.
Intitulado "Pastor Marco Feliciano Renuncia", o vídeo teve, até a tarde desta quarta-feira, 362 mil acessos. No vídeo, uma voz distorcida afirma que Feliciano está "cansado, sobrecarregado, caluniado" e que "sua última alternativa foi renunciar". "O deputado pastor Marco Feliciano decidiu renunciar sua privacidade (sic), noites de paz e sono tranquilo, momentos preciosos com a própria família" para não "renunciar à Comissão de Direitos Humanos para que a sua família seja preservada", diz o vídeo.
As imagens também mostram declarações de deputados militantes da causa LGBT, como Jean Wyllys (Psol-RJ). O vídeo acusa Wyllys de ter "preconceito contra cristãos". "Deputados organizaram de forma obscura a manipulação de protestos para coagí-lo a desistir. Líderes que fazem discursos políticos inflamados no preconceito contra cristãos", diz a voz.
Segundo Jean Willys, o vídeo faz parte de um processo difamatório promovido por Feliciano. Membros da Frente Parlamentar, como a deputada Luiza Erundina, defenderam uma reação enérgica contra a presença de Feliciano no comando da Comissão.
"Aqueles que pensam que nos derrotaram, 'caíram do cavalo’. Transformamos esse obstáculo num trampolim", disse a deputada (PSB-SP). Já o deputado Padre Ton (PT-RO), defendeu a laicidade na política brasileira. Apesar de ser padre, ele acredita que a religião não deve se misturar com o poder.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) também declarou que planeja pedir à corregedoria da Câmara uma investigação sobre o caso. “Precisamos apurar se a produtora de vídeo que fez essa peça ofensiva, discriminatória, racista, antimulheres e homofóbica o fez a expensas do próprio parlamentar, no uso do seu mandato público em benefício privado”, alertou.
Segundo o líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), parte da própria bancada evangélica já apoia a indicação de um novo nome para o colegiado. “O Marco Feliciano está sendo questionado dentro do seu próprio partido não só porque ele está tendo uma ascensão política, mas também por uma possível ascensão econômica, com a venda de CDs e DVDs em grande quantidade e também com o crescimento da sua candidatura. Tudo isso em prejuízo do próprio partido e inclusive do trabalho sério de setores evangélicos”.
A sessão terminou por volta das 14h, com a promessa de que a discussão sobre a disputa pelo comando da Comissão dos Direitos Humanos esteja apenas começando.
Frente parlamentar
Segundo Wyllys, a frente parlamentar apresentada nesta quarta-feira tem como objetivo "discutir os direitos humanos na perspectiva das minorias". "Não queremos concorrer com a comissão, somente garantir espaço, já que o colegiado foi desvirtuado com a presença do Pastor Marco Feliciano”, disse o deputado, que é um dos 11 coordenadores da nova frente.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), que também é uma das coordenadoras, explicou que o objetivo do grupo é “criar um canal de diálogo dentro do Congresso para os setores que estão historicamente vulnerabilizados”.