Desempenho eleitoral do MDB leva PT e PL a tentar atrair a legenda

23 out 2024 - 21h46

O desempenho do MDB nas urnas no primeiro turno das eleições e projeções para o segundo turno, no próximo domingo, já levam PT e PL a tentar atrair a legenda. O MDB foi o segundo partido com mais prefeitos eleitos, vencendo em 847 cidades na primeira fase da disputa. O PSD, partido do ex-ministro e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, foi a legenda que mais obteve votos no primeiro turno: a sigla elegeu 878 prefeitos no primeiro turno.

Publicamente, petistas já afirmam que Lula deve ampliar o arco de alianças para 2026, incluindo o MDB. Conforme publicado pelo colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, citou o partido de Nunes como um a ser incorporado à aliança petista durante uma conversa com a diretoria da XP, em São Paulo.

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Mas o bolsonarismo também está de olho na legenda. Nesta terça, 22, em coletiva de imprensa após participar de um evento de campanha de Nunes, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi questionado se buscaria o apoio do MDB em uma eventual candidatura em 2026 e respondeu: "É lógico".

O fato de a sigla estar à frente da capital paulista e se equilibrando entre o governo federal e o estadual levanta dúvidas sobre qual rumo tomará em 2026: se continuará alinhada a Lula ou se embarcará num projeto de centro-direita.

Disputa

Caso vença a Prefeitura de São Paulo, o MDB vai travar uma disputa acirrada com o PSD pelo título de partido que governa o maior número de brasileiros. No primeiro turno, a legenda de Nunes perdeu a liderança que mantinha há anos no número de prefeitos, ficando atrás do PSD por uma diferença ínfima de cerca de 30 cidades. Será também a primeira vez que o MDB conquistará a Prefeitura da capital paulista por voto popular - o único prefeito do MDB em São Paulo foi Mário Covas, nomeado em 1983 pelo então governador Franco Montoro, durante a ditadura militar. Nunes foi vice na chapa do prefeito Bruno Covas (PSDB), que morreu no exercício do cargo, em 2021.

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Fator Tarcísio

Embora haja pouca disposição no MDB para apoiar Bolsonaro em 2026, a ideia de seguir um projeto liderado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é vista com entusiasmo. Segundo apurou o Estadão, desde que assumiu a Presidência, Lula não chamou o deputado federal Baleia Rossi, líder do MDB, para uma conversa, o que incomodou o dirigente nacional. Esse distanciamento contrasta com a postura de Tarcísio.

O MDB teve um papel decisivo na vitória de Lula em 2022. Embora a sigla tenha declarado neutralidade, a direção nacional liberou seus filiados para apoiar tanto o petista quanto o então presidente Jair Bolsonaro. Essa decisão abriu espaço para que a emedebista Simone Tebet, que alcançou cerca de 4% dos votos no primeiro turno do pleito, apoiasse Lula, ajudando a garantir a vitória apertada do petista sobre o então candidato do PL.

Se, no governo Bolsonaro, o MDB não ocupou o primeiro escalão, sob Lula, conquistou o comando de três ministérios: Cidades, com Jader Filho; Transportes, com Renan Filho; e Planejamento, com a própria Simone Tebet.

Apesar do alinhamento com a esquerda em nível federal, em São Paulo, Estado mais populoso do País, o MDB se aproximou de Tarcísio durante as eleições deste ano, com o governador se tornando um dos principais entusiastas do projeto emedebista na capital.

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A articulação de Baleia Rossi com Tarcísio levou o PL a desistir de lançar uma candidatura própria e aderir à coligação do prefeito. A relação entre os dois partidos - PL e MDB - se tornou mais estreita com a indicação de Bolsonaro para a vice de Nunes, o que colocou a digital do bolsonarismo na principal vitrine do MDB no Brasil. No primeiro turno, a legenda garantiu as prefeituras de duas capitais: Boa Vista (RR) e Macapá (AP).

No domingo, 27, aposta em vitórias em Belém (PA), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Na capital paulista, Nunes é apoiador de Bolsonaro e chegou a ameaçar deixar o MDB em 2022, quando Simone Tebet subiu no palanque de Lula.

'Bolsonarização'

Na eleição deste ano, Baleia Rossi foi coordenador da campanha de Nunes e trabalhou para evitar uma "bolsonarização" da candidatura, fazendo o meio de campo para que o prefeito não entrasse em embates diretos com o governo federal, conforme aliados. Nunes, de fato, pouco falou sobre Lula durante a campanha, mantendo a rivalidade apenas com Boulos.

Pesquisa Quaest sobre o segundo turno em São Paulo divulgada ontem mostra Nunes com 44% das intenções de voto e Boulos com 35%. O cenário se mantém com alterações apenas dentro da margem de erro. Segundo o levantamento, 19% dos eleitores afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto caso o pleito fosse hoje; outros 2% se disseram indecisos.

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Na pesquisa anterior do instituto, divulgada na quarta-feira da semana passada, 16, Nunes apareceu com 45% das intenções de voto, ante 33% das menções para Boulos. Eram 19% os votos em branco, nulos e quem disse que não vai votar, e 3% dos eleitores entrevistados não responderam.

Oscilação

Comparado ao novo resultado, Nunes oscilou um ponto para baixo, enquanto Boulos oscilou dois para cima. O levantamento da Quaest entrevistou 1.200 eleitores paulistanos entre os dias 20 e 22 de outubro, tem margem de erro de três pontos porcentuais, índice de confiança de 95% e registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-06257/2024.

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