As críticas e cobranças recentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à presidente Dilma Rousseff parecem não ter abalado, ao menos aparentemente, o apreço que a mandatária faz questão de demonstrar a seu padrinho político. Nesta segunda-feira, “dia do amigo”, Dilma lembrou da data com a foto de um abraço em Lula em sua página oficial no Facebook.
“No #DiaDoAmigo, a homenagem é ao querido companheiro Lula” foi a mensagem que acompanhou a imagem, feita no pronunciamento da petista após o resultado que deu a ela mais quatro anos de mandato, em 26 de outubro de 2014. Naquele dia, Dilma obtivera pouco mais de 3,4 milhões de votos de diferença para seu adversário, o senador Aécio Neves (PSDB).
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Desde a reeleição da petista, porém, as críticas de Lula à presidente ou aos rumos da política econômica marcaram a relação entre ambos. Em abril passado, por exemplo, Lula cobrou Dilma para que ela desse uma resposta aos eleitores que a elegeram. De acordo com Lula, a presidente e o PT devem ser “unha e carne”, já que um não sobrevive sem o outro. Um pouco antes, ele admitira que o País passa por um “momento difícil”.
“Nem o PT sobrevive sem a Dilma, nem a Dilma sobrevive sem o PT. Se a Dilma fracassar, é o PT que fracassa. Se o PT fracassar, a gente vai contribuir para o fracasso da Dilma. E eu não vim ao mundo para fracassar. O PT não nasceu para fracassar. A gente não elegeu uma revolucionária presidente da República deste País para o fracasso”, disse Lula, na ocasião, durante discurso na abertura do 3° Congresso das Direções Zonais do PT São Paulo, no Sindicato dos Bancários, no centro da capital.
Como se estivesse em um confessionário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu o coração a um seleto grupo de padres e dirigentes de entidades religiosas no auditório de seu instituto, anteontem, em São Paulo. Em tom de desabafo, criticou duramente a presidente Dilma Rousseff e creditou ao governo dela, sobretudo no segundo mandato, a crise vivida pelos petistas. Para Lula, a taxa de aprovação da companheira está no “volume morto”, numa referência à situação hídrica paulista, e, com o silêncio do Planalto, o “governo parece um governo de mudos”. O ex-presidente admitiu ainda que é “um sacrifício” convencer sua sucessora a viajar pelo país e defender sua gestão.
No mês seguinte, Lula reclamara da “análise otimista” feita por alguns conselheiros de Dilma durante uma reunião com a cúpula do governo na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência, segundo informações publicadas à época pelo jornal Folha de S.Paulo.
Já no mês passado, reportagem do jornal O Globo revelara que Lula, em encontro com religiosos, disse que tanto Dilma quanto ele próprio estavam “no volume morto”, e o PT, “abaixo do volume morto”.
Esta semana, Dilma tem agenda em São Paulo – Estado onde sofreu um de seus piores resultados na eleição passada. A presidente estará na cidade de Piracicaba, no interior paulista, município em que obteve a terceira colocação no primeiro turno eleitoral, e onde teve mais de três vezes menos votos que Aécio no segundo turno. A agenda ainda não foi divulgada pelo Palácio do Planalto.